Pessoas que sobrevivem do lixo são vistas todos os
dias por milhares de pessoas, eu já vi, você já viu e caso ainda não o tenha, o
que é muito difícil, em algum momento que está muito próximo você verá.
É isso que Agnes Varda mostra nesse filme de 2000, a
rotina e os produtos que são pegos por essas pessoas, que vão desde frutas,
alimentos, eletrodomésticos até os utensílios mais variados. A ideia surge a
partir de um quadro de Millet que mostra mulheres colhendo trigo.
A sacada do filme é a empatia mostrada pela
diretora, que destrincha todo um cenário, muitos dos alimentos que vão para o
lixo, vão por motivos puramente fúteis, como tamanho e formação, não por serem
alimentos ruins, o que já expõe como o capitalismo destrói aquilo que não se
encaixa na sociedade. Os utensílios são o mais curioso, pois, eles não são
jogados fora por algum aspecto físico, e sim, por excesso de produção, o que
mostra mais uma das particularidades capitalistas, e esta em especial, soa
muito familiar.
Essa empatia é tão grande que a vemos na própria
diretora, neste filme, ela usa pela primeira vez em sua carreira uma câmera digital,
então, além de descobrirmos um mundo completamente novo para nós privilegiados
ainda vemos uma pessoa se divertir descobrindo algo novo que vai ser tornar
muito importante para ela, este tipo de peculiaridade torna o filme singular,
leve e fácil de ser assistido.
Logo, com esses vários aspectos, “Os catadores e eu”,
além de ser um filme educativo, mostra uma rotina que nós não conhecemos, mas deveríamos,
além de fazer uma critica ao capitalismo, que destrói sem pensar, sem
necessidade e ainda por cima, discrimina aquilo que fica. Esse sistema econômico
pode até ser aquele que funciona, mas, não é o certo. Agnés Varda acertou em
cheio com esse filme.
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