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Imagem: Universal Pictures / DIVULGAÇÃO |
Por ser um filme de guerra, a ideia é inegavelmente ousada, pois em geral, guerra significa ação e fazer um filme com ação sem cortes é difícil. Mas, Deakins e Mendes conseguem cumprir seu objetivo sem problemas, graças, principalmente, a genialidade de Deakins.
Acompanhamos a história de dois soldados ingleses na primeira guerra mundial, Blake (Dean Charles Chapman) e Schofield (George Mackay) tem uma missão complicada: parar um ataque dos ingleses aos alemães, já que esses últimos fizeram uma armadilha que precisa do ataque para funcionar. Logo, os dois soldados precisam avisar o coronel líder da ofensiva sobre isso e salvar 1600 soldados, entre eles o irmão mais velho de Blake.
Com a câmera sempre nos dois personagens, a obra imprime um bom ritmo logo de cara, devido aos planos sequência já citado. Por ser feito desse jeito, fica claro a emergência com a qual a missão precisa ser cumprida, da mesma forma que a passagem de tempo nunca é escondida ou disfarçada, ela sempre é vista, o que contribui para a ação.
Porque se a missão dos dois soldados precisa ser cumprida o mais rápido possível, o público precisa perceber a necessidade de outra forma que não seja a dos diálogos entre os personagens. Logo, ajuda o espectador perceber que o filme se passa em um dia e meio (aproximadamente) e ver isso na tela só é possível graças a fotografia.
Essa é ousada não apenas pelo plano sequência, mas também pelo espaço que é utilizado em muitas das cenas, já que em algumas dessas são feitas em locais pequenos. Por exemplo, logo no inicio vemos Blake e Schofield caminhando nas trincheiras e acompanhamos sua caminhada por diversos ângulos, que vão mudando na medida que eles estão andando.
Isso é difícil não apenas por não ter cortes, mas porque o espaço para se trabalhar com a câmera naquele ângulo é muito pequeno e ainda assim, Deakins faz isso com tanta segurança que parece normal e fácil fazer aquilo, quando na verdade é justamente o contrário. Isso também serve para as cenas internas, mas nesse caso, a câmera fica mais próxima dos personagens, o que serve para gerar empatia com o acontecimento futuro.
Já nas cenas com espaço, Deakins o usa bem para construir enquadramentos onde ambos os personagens sejam vistos independentemente do que façam na tela, isso fica claro na cena onde Schofield pega leite e na cena onde ele se vê em uma cidade dominada pelo fogo durante a noite.
Com a câmera sempre nos dois personagens, a obra imprime um bom ritmo logo de cara, devido aos planos sequência já citado. Por ser feito desse jeito, fica claro a emergência com a qual a missão precisa ser cumprida, da mesma forma que a passagem de tempo nunca é escondida ou disfarçada, ela sempre é vista, o que contribui para a ação.
Porque se a missão dos dois soldados precisa ser cumprida o mais rápido possível, o público precisa perceber a necessidade de outra forma que não seja a dos diálogos entre os personagens. Logo, ajuda o espectador perceber que o filme se passa em um dia e meio (aproximadamente) e ver isso na tela só é possível graças a fotografia.
Essa é ousada não apenas pelo plano sequência, mas também pelo espaço que é utilizado em muitas das cenas, já que em algumas dessas são feitas em locais pequenos. Por exemplo, logo no inicio vemos Blake e Schofield caminhando nas trincheiras e acompanhamos sua caminhada por diversos ângulos, que vão mudando na medida que eles estão andando.
Isso é difícil não apenas por não ter cortes, mas porque o espaço para se trabalhar com a câmera naquele ângulo é muito pequeno e ainda assim, Deakins faz isso com tanta segurança que parece normal e fácil fazer aquilo, quando na verdade é justamente o contrário. Isso também serve para as cenas internas, mas nesse caso, a câmera fica mais próxima dos personagens, o que serve para gerar empatia com o acontecimento futuro.
Já nas cenas com espaço, Deakins o usa bem para construir enquadramentos onde ambos os personagens sejam vistos independentemente do que façam na tela, isso fica claro na cena onde Schofield pega leite e na cena onde ele se vê em uma cidade dominada pelo fogo durante a noite.
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Imagem: Universal Pictures / DIVULGAÇÃO |
Talvez essa seja a melhor cena do filme, já que oferece um ponto de vista distinto (mesmo que por pouco tempo) a história contada e aprofunda mais esse personagem, o que é necessário para o roteiro, porém ele pouco o faz, já que sabemos pouco sobre os dois soldados e isso faz com que a obra fique rasa, sem conteúdo algum fora a parte técnica.
Na cena citada, a tensão é criada não apenas pela câmera, mas também pela trilha sonora, que contribui para a construção da emergência já citada. Porém, essa urgência só cresce de fato na segunda metade da projeção, inclusive, é a partir da segunda hora que “1917” mostra a que veio, devido a um acontecimento que não pode ser citado nessa crítica.
Não é como se a primeira metade fosse ruim, não é, porém, a primeira hora é muito mais carregada pela técnica do que pela alma da história e apesar de Deakins ser genial e a trilha ajudar na composição de ambiente, técnica e alma precisam estar unidos e se isso acontece de alguma forma (devido a falta de profundidade no roteiro) é na segunda metade.
Essa técnica, apesar de terem sido destacadas nesse texto a fotografia e a trilha, também está presente no design de produção, que fez aquelas trincheiras, aquela destruição toda e nos efeitos, que são em sua maioria práticos e não especiais, ou seja, se, por exemplo, algo pega fogo, aquilo de fato pegou fogo e não foi criado em um computador.
Tanto Chapman, quanto Mackay, fazem um bom trabalho como Blake e Schofield, aproveitando a qualidade na técnica já descrita nos seus personagens. Apesar disso, não tem nada demais ou de menos nas atuações deles, eles apenas cumprem o seu papel e ajudam o filme a ser aquilo que almejou.
“1917” é um filme ótimo, mas, não é um filme com a mesma profundidade temática de “Parasita”, “O Irlandês” e “Adoráveis Mulheres”, apenas para citar os seus concorrentes ao Oscar. Ainda assim, é uma obra que vale a pena ser vista por sua técnica e por ter um dos grandes fotógrafos da história do cinema atrás das câmeras junto com um bom diretor.
Na cena citada, a tensão é criada não apenas pela câmera, mas também pela trilha sonora, que contribui para a construção da emergência já citada. Porém, essa urgência só cresce de fato na segunda metade da projeção, inclusive, é a partir da segunda hora que “1917” mostra a que veio, devido a um acontecimento que não pode ser citado nessa crítica.
Não é como se a primeira metade fosse ruim, não é, porém, a primeira hora é muito mais carregada pela técnica do que pela alma da história e apesar de Deakins ser genial e a trilha ajudar na composição de ambiente, técnica e alma precisam estar unidos e se isso acontece de alguma forma (devido a falta de profundidade no roteiro) é na segunda metade.
Essa técnica, apesar de terem sido destacadas nesse texto a fotografia e a trilha, também está presente no design de produção, que fez aquelas trincheiras, aquela destruição toda e nos efeitos, que são em sua maioria práticos e não especiais, ou seja, se, por exemplo, algo pega fogo, aquilo de fato pegou fogo e não foi criado em um computador.
Tanto Chapman, quanto Mackay, fazem um bom trabalho como Blake e Schofield, aproveitando a qualidade na técnica já descrita nos seus personagens. Apesar disso, não tem nada demais ou de menos nas atuações deles, eles apenas cumprem o seu papel e ajudam o filme a ser aquilo que almejou.
“1917” é um filme ótimo, mas, não é um filme com a mesma profundidade temática de “Parasita”, “O Irlandês” e “Adoráveis Mulheres”, apenas para citar os seus concorrentes ao Oscar. Ainda assim, é uma obra que vale a pena ser vista por sua técnica e por ter um dos grandes fotógrafos da história do cinema atrás das câmeras junto com um bom diretor.
Veja o trailer aqui:
Depois volto pra dizer o que achei.👍🏾
ResponderExcluirA crítica descreve com fidelidade o filme como um todo e todas as suas nuances . Muito bom ,o filme e a critica.
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