“A expectativa é a mãe da frustração” já disse
Hemingway e essa expectativa tendo como consequência a frustração é algo que
faz parte do crescimento de cada pessoa, principalmente na adolescência, fase das descobertas e do inicio da independência. É isso que o suspense “Mate-me por
favor” dirigido por Anita Rocha da Silveira usa como força e enredo.
A história é simples, Bia vivida pela ótima atriz
Valentina Herszage, mora no Rio, na Barra da Tijuca e lá estão ocorrendo
assassinatos onde as vitimas são mulheres jovens. Elas são deixadas em um
terreno baldio, por onde a garota e suas amigas passam para voltar da escola.
O filme quebra o estereotipo do gênero de terror
clássico, comumente lançado nos anos 80, onde as vitimas do vilão são apenas pessoas
que não são mais puras e integras de acordo com uma sociedade machista e
sexista na qual vivemos, e nisso a obra acerta em cheio, ao mostrar o que o
adolescente vê quando está no período de descobertas, e o que é visto? Casais
se agarrando, luxuria, libido e existe principalmente a curiosidade de fazer tudo isso.
E as cores são essenciais para mostrar isso ao
público, o vermelho é usado constantemente, seja no sangue das vitimas do
assassino, ou na maquiagem das garotas e na cor do cabelo de algumas. O roxo é usado também,
no sofá da casa de Bia, nas roupas de alguns dos personagens, até nos
acessórios e nos mínimos detalhes dos calçados, como o cadarço do tênis de
Mari, uma das amigas de Bia, que varia entre o rosa e o roxo.
Os ângulos usados nas cenas costumam ser abertos, e
o que mais me chamou a atenção foi como o Rio de Janeiro é mostrado, de forma
ampla, explorando a largura dos lugares, e a luz de cada local, então quando
Bia, na segunda cena do filme, aparece dando um meio sorriso para câmera, com
uma avenida no fundo, remete muito aos filmes de David Lynch, na forma de
mostrar a cidade e a personagem imersa nela.
Sendo assim, “Mate-me por favor” é um filme de
descobertas e focado justamente em pessoas que estão na idade de saber quem
são, a curiosidade de Bia faz ela se tornar uma personagem fascinante, ficamos
pensando o tempo inteiro nos motivos de cada atitude tomada pela garota, e
isso, unido ao fato de nenhum adulto aparecer no filme, torna claro que a
história é sobre independência e a curiosidade do que pode ser feito com ela.
Anita Rocha da Silveira se torna um nome a ser
acompanhado, pois este filme cria uma expectativa das projeções que estão por
vir. Esperamos que neste caso, Hemingway não tenha razão.
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