Desde que a sociedade se entende por sociedade a filosofia
está presente em nossos cotidianos, seja de forma direta ou não, logo, mesmo
ainda não sabendo as respostas para as principais duvidas da historia humana
adaptamos a filosofia de forma a se encaixar nas nossas rotinas, é por isso,
que assistir a um filme como “O Que Está Por Vir” é enriquecedor, pois vemos
correntes filosóficas atreladas ao enredo.
Dirigido por Mia Hansen-Love, a obra conta a historia de
Nathalie, professora de filosofia, interpretada por Isabelle Huppert, que tem
uma vida boa, é casada, com filhos, quando, o marido dela a avisa que conheceu
outra pessoa e que vai morar com ela, Nathalie precisa mudar a forma como
encara a vida.
E para isso ela usa a filosofia, primeiro, ela vivia no
mundo das ideias (Platão) e obrigada a sair dele e voltar para o mundo real a
medida que os acontecimentos acima vão se desenrolando, depois, ela passa a
fazer o que é certo de acordo com sua razão pessoal dessa forma seguindo a lei
moral de Kant, e por fim, ela passa a aceitar sua nova condição, e dessa forma
a sua existência da vida a uma nova essência, e para isso ela usa a filosofia
de Jean Paul Sartre. E ainda, o fato de ter uma cena que mostra a protagonista assistindo "Cópia Fiel" de Abbas Kiarostami, que trata justamente de uma separação, é filosófico por si só.
Tudo isso é mostrado de forma clara através de uma montagem
bem feita que ajuda as cores do filme e os detalhes de cada atuação a irem se
manifestando de forma calma e gradual na tela, isso evita o tédio do espectador
durante a projeção. E a atuação de Isabelle Huppert é soberba, vemos seu olhar
melancólico e intenso, a forma de andar encurvada e o sorriso tímido compõem
uma figura triste, porém, que sente um grande prazer pela vida. Falando de
Huppert, apenas constatamos como ela é versátil, lembrando que neste mesmo ano
ela foi a personagem principal em Elle, que é totalmente de Nathalie neste “O
Que Está Por Vir”, enquanto Michele é segura, altamente sarcástica e até mesmo
cruel, tendo um olhar obstinado, Nathalie é calma, melancólica, boa e apresenta
o olhar e postura descritos acima.
Com o uso da cor para comunicar sentimentos, como o verde
que é bem destacado em quase todas as cenas e dos figurinos de Nathalie, que
vão de tons claros quando ela está bem para tons mais escuros de forma gradual,
“O Que Está Por Vir” conta com um final melancólico, com a cena da aula de
filosofia dada pela personagem, porém otimista com o que ocorre a seguir no
apartamento da mesma.
Sendo assim, o filme de Mia Hansen-Love é uma obra bonita e
reveladora que vale a pena ser assistida.
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