Ao longo da história presenciamos e participamos de várias
batalhas pelos direitos humanos na sociedade, várias persistem até hoje – a grande
maioria – e uma dessas é a batalha dos negros por igualdade. Hoje em dia, a
batalha tomou novos contornos, contornos que levaram a acontecimentos velados,
que são tão cruéis quanto os do passado, mas, como a mídia não dá a mínima,
quase todos esses fatos são desconhecidos do grande público.
No meio dessa luta houve gênios, gênios que fizeram uma
diferença absurda e a fortaleceram, como as três mulheres que “Estrelas Além do
Tempo” têm como personagens principais, as três são matemáticas, físicas e
claro, mulheres negras que lutaram por seus direitos em prol de uma sociedade igualitária.
Dirigido por Theodore Melfi, o filme conta a história de
Mary Jackson, vivida por Janelle Monáe, Dorothy Vaughn, interpretada por
Octavia Spencer e Katherine Goble, representada por Taraji P. Henson, as três trabalham
na NASA como computadoras – funcionários ou funcionarias que faziam vários cálculos
para o setor espacial – e precisam lidar com o racismo na vida e no ambiente de
trabalho.
O filme conta com uma atuação forte de Taraji P.Henson como
Katherine, a atriz consegue fazer a força e persistência da mulher serem bem
passadas ao público, Spencer e Monáe também conseguem isso, mas Henson passa o
sentimento de uma forma que prende a atenção do espectador.
Os figurinos usados pelas três personagens principais são de
cores claras, o que expõe a esperança que cada uma tem de atingir a igualdade,
não só para elas e suas respectivas famílias, mas, também, para as pessoas
negras que assim como elas lutam por seus direitos.
Com tudo isso, é uma pena que a obra se torne tão dramática que
tenta levar o espectador ao choro, inserindo trilha sonora em cenas
desnecessárias e, além disso, o pior erro, que é usar como força em seu roteiro
a historia de três mulheres que quebraram paradigmas e lutaram por igualdade, e
no decorrer do filme nunca se aprofundar na historia delas, e ainda por cima,
em certas cenas colocar o homem branco no papel de herói, quando ele trabalha
em prol do seu próprio interesse, e por fim, dar mais atenção ao pouso das
naves pilotadas pelos astronautas do que as mulheres que fizeram possível aquilo
acontecer.
Pois, apesar de a sociedade sempre reconhecer homens como os
grandes percursores da tecnologia atual, como Bill Gates e Steve Jobs, é
desconhecido pela maioria das pessoas o fato de que três mulheres negras
possibilitaram o lançamento e pouso bem sucedido de naves espaciais, uma delas
se tornou uma programadora de computadores essencial na criação do computador
pessoal.
Não tirando o mérito dos dois homens citados em seus
respectivos legados, mas, convenhamos que se não fossem essas três mulheres
eles não teriam um legado. Logo “Estrelas Além do Tempo” falha em mostrar com
mais profundidade suas personagens, assim, fazendo uma obra esquecível o que é
totalmente ao contrario do legado deixado por elas, e provavelmente, depois das
cerimonias de premiação, elas voltarão a ser “Hidden Figures” (Figuras
Escondidas em português e titulo original da projeção), titulo original esse
que convenhamos, foi uma péssima escolha.
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