4/03/2017 03:14:00 PM

Crítica: The Beatles: Eight Days a Week



Falar de uma banda como os Beatles não é uma tarefa fácil, por vários motivos, alguns deles são a história longa que protagonizaram por anos, suas músicas e entrevistas e a abrangência do público que era atingido por eles, não por conta das pessoas e sim por conta da época de tensão por causa da Guerra Fria e da segregação racial nos Estados Unidos.

Logo, a tarefa que Ron Howard assumiu é desafiadora, pegar tudo aquilo descrito acima, e utilizar para contextualizar a história de quatro garotos músicos. Tarefa essa que foi cumprida com maestria nesse “Eight Days a Week”, que consegue contar a história da banda para quem não a conhece e agradar o fã saudosista que sabe de tudo o que foi divulgado até hoje.





E isso poderia ser feito de diversas formas, porém, a escolha de Ron Howard é a de utilizar imagens de arquivos de pessoas da banda ou próximas a ela, intercaladas com depoimentos, sejam esses antigos, como no caso do produtor, de John Lennon e de George Harrison, ou de novos, como as atrizes Sigourney Weaver e Whoopi Goldberg, críticos de música e  o jornalista Harry Kane, que acompanhou uma das turnês feitas nos anos 60.

O trabalho de pesquisa aqui feito é magnifico, e maior do que isso é o trabalho feito na disposição dessa pesquisa no filme, pois, conseguimos perceber como a banda foi abrangente – Goldberg deixou bem claro isso em sua entrevista – e ainda vemos certa independência nos dados, pois, se o filme fosse apenas as imagens das turnês e as músicas ainda assim conheceríamos a historia, se o filme fosse apenas os depoimentos dos entrevistados e o de pessoas já falecidas, ainda conheceríamos a historia, e claro, se o filme fosse apenas as musicas, definitivamente conheceríamos a historia da banda.

Pois, a riqueza de detalhes das turnês são expostas por uma montagem que facilita o entendimento de algo complexo sem muita confusão, o contexto no qual os rapazes viviam é exposto pelas imagens, e ainda percebemos como um sistema capitalista, acabou por prejudica-los, porque pessoas que tem sensibilidade e senso de inclusão, como percebemos pela negação da banda em tocar em espaços segregacionistas, comumente acabam sendo destruídos pelo sistema. Claro que os Beatles não foram destruídos, mas, o público foi prejudicado.

Prejudicado porque na “Fase Séria” - quando as letras sobre se apaixonar pararam de ser predominantes - da banda, que coincidiu com o auge da Guerra do Vietnã e da segregação nos Estados Unidos,  foi uma fase em que músicas que contem letras, ou interpretações politicas como “I Am The Walrus”, e álbuns completos com um contexto de protesto, não foram escutados ao vivo, porque os quatro rapazes queriam apenas fazer música e não serem incluídos em um sistema que preza o comercialismo.

E, convenhamos, quantas pessoas por ai apenas querem fazer algo? Apenas fazer, e não terem a necessidade de ganhar dinheiro ou provar algo para alguém? Pensando nisso (Acredito eu), Ron Howard dirige um documentário necessário e esperançoso nos tempos difíceis que vivemos.

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