Os filmes de Terrence Malick são de uma profundidade e
beleza inegável, sempre filosóficos, provocando discussões, reflexões, e
gerando mensagens que o público pode nem sempre concordar, mas sempre irá
entender e talvez, acabe por se identificar com o aquilo no futuro.
Essa empatia é algo que em “A Arvore da Vida”, filme que
levou a Palma de Ouro em Cannes no ano de 2011, é presente e unida à montagem
ritmada, a fotografia, atuações e trilha sonora, criam um filme inesquecível,
sendo um sucesso de público ou não.
Em “De Canção em Canção” há a tentativa de repetir o que foi
feito em “A Arvore da Vida”. Contando com grande elenco, formado por Rooney
Mara, Natalie Portman, Cate Blanchett, Ryan Gosling e Michael Fassbender, o
filme conta a história de um produtor musical (Fassbender), que namora com Faye
(Mara) e passa a envolver em seus negócios o artista vivido por Gosling. Os
três acabam por se envolver em um triangulo amoroso.
O filme quase sempre se desenvolve em câmera subjetiva
(ponto de vista dos personagens), e quando não é esta, a câmera sempre está
próxima dos atores e atrizes, mas, a montagem não ajuda no ritmo da história,
há muitos cortes que são, na maioria das vezes, desnecessários e que prejudicam
o desempenho do elenco, que, na tentativa do diretor de terem um tempo igual de
tela, acaba por atrapalhar na atuação e na evolução (ou não) de cada
personagem, o público dificilmente se identificará com pessoas que não conhece.
E, se tem algo que prejudica mais do que o citado no
paragrafo acima é, sem dúvida, o exagero na dedução do público para que este
descubra o que acontece no decorrer da história. Não que esse aspecto seja
dispensável nos filmes, pelo contrário, ele é necessário, mas, se usado
demasiadamente, o espectador acaba por não entender nada.
Os personagens retratados ali tem uma necessidade intensa de
sentir algo real (como Faye destaca logo no inicio), então, por conta disso,
Fassbender se envolve com outras mulheres mesmo comprometido, Gosling acha
trabalhos que não gosta e Mara oscila entre a violência psicológica e o medo da
solidão. O tempo segue justamente o titulo, ou seja, passa de canção em canção,
e essas passagens se dão nas cenas onde o festival de música é mostrado.
Mas, para descobrir tudo isso, quem assiste tem que prestar
o máximo de atenção, pois o filme exige a dedução para toda a história e para
cada nuance desta. Logo, com duração de um pouco mais de duas horas, a obra não
é fácil de acompanhar e a partir do momento em que o espectador se sentir
entediado, as deduções não serão feitas e tudo o que foi visto será facilmente
esquecido.
Logo, a nova obra de Malick tenta ser e passar algo que não
é, sem prender a atenção, soando bagunçada e confusa assim como os sentimentos
dos personagens ali retratados. Pois, se tem algo que fica claro é que a vida é
uma bagunça, não importa a idade.
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