Às vezes, há filmes no cinema que quando são lançados causam
polemica não pelo conteúdo da obra, mas pela forma como foi lançada. E esse é
o caso de “Okja”, de Bong Joon-Ho, que ao ser exibido em competição no Festival
de Cannes, causou alvoroço por ter seu lançamento posterior não no cinema, como
é tradicional, e sim na Netflix, já que pertence e foi realizado pela
plataforma em questão. Porém, estamos em constante processo de modernização,
claro que ela tem que ser contida, como mostra a película.
O que é contado aqui é muito simples, a empresa Mirando,
comandada por Lucy (Tilda Swinton), decide por um projeto alimentício, no qual
superporcos, criados geneticamente, irão para a linha de produção e
eventualmente gerariam produtos, que serão vendidos em todo o lugar. Para
isso, a mulher colocou alguns desses animais em fazendas, estas localizadas em
lugares diversos ao redor do mundo. O melhor superporco em 10 anos é
selecionado para a procriação e será anunciado em Nova York. Uma menina
chamada Mikha, dona de Okja, um desses animais, decide brigar com a empresa
pela guarda da companheira, e no meio do caminho se envolve com um grupo de
ativistas.
O filme é muito comunicativo, a começar pela fotografia, que
consegue passar a critica embutida a indústria alimentícia que está embutida na
história de forma inteligente, vemos que as cenas que não se passam na cidade
ou que acontecem o mais longe dela possível tem a predominância de cores claras,
na sua maioria o verde, como vemos na casa onde Mikha vive com o avó, em
compensação, nas cenas que se passam na cidade, tanto em ambientes externos
quanto em internos, o preto e o cinza dominam, mesmo que ocorra em lugares em
que os prédios e propagandas multicoloridas prevaleçam sobre o local, o preto e
o cinza estão lá, nas roupas, nos detalhes, em tudo.
Para a sátira a sociedade altamente modernizada e a critica á indústria alimentícia funcionarem, há a necessária presença de um elenco
competente, se Tilda Swinton é inteligente na sua atuação, falsamente feliz e claramente
preocupada em agir da forma certa, mesmo que saiba que não faz isso, Paul Dano
encarna o líder ativista Jay com
intensidade, em seu tom de voz comedido e olhar calmo, vemos o controle, que
pode ser perdido a qualquer momento de forma tão simples quanto Mikha,
interpretada por Ahn Seo-Hyun, ama Okja, e como ela lida com toda a questão do
ativismo é interessante, complexo e real.
Os efeitos especiais usados em Okja merecem destaque, o
animal parece tão real quanto as pessoas, desde a textura, que é vista nas
cenas onde ela se molha e escurece, e também quando algum dos personagens a
toca, no olhar dela é visível como há inteligência e plena consciência do que
está acontecendo ali, e os olhos de Okja deixam bem claro como ela gosta de sua
dona.
Podendo ser mais conciso e também é correto afirmar que é possível
fechar todos os arcos sem a necessidade de uma cena pós-créditos (que existe), “Okja”
é um filme inteligente, que causa a simpatia do público pelas suas personagens
principais, e através delas, consegue passar uma mensagem interessante de
conscientização.
Gostei. Vou assistir!
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