Existem vários tipos de ficção cientifica, em determinadas
categorias há um formato simples, um monstro, que tenta destruir tripulantes de
uma nave, nave essa, mandada para explorar o planeta natal desse monstro. Nesse
caso, duas coisas têm que funcionar, o suspense – se e quantas pessoas vão
sobreviver – e o público precisa ter empatia pelos personagens da obra.
No filme “Vida” de Daniel Espinosa, a história tem esse
formato simples, mandados por uma aliança formada por diversos países a Marte,
uma tripulação (que não chega a pousar no planeta), precisa colher amostras e
estuda-las, com o objetivo de descobrir se há ou não vida no lugar.
A tripulação é formada por seis pessoas, os homens Hugh,
Shu, Rory (Ryan Reynolds) e Dr.Jordan (Jake Gyllenhaal) e as mulheres,
Miranda e Ekaterina. Cada um tem sua função e especialidade, todas essas são
necessárias para a vivencia deles e o estudo das amostras.
Tecnicamente, a obra é muito bem feita, abusando de
panorâmicas longas, utilizadas em plano sequencia, percebemos através disso e
da câmera subjetiva (ponto de vista do personagem) como a gravidade afeta o
comportamento das pessoas ali dentro, acompanhamos, por esses aspectos citados,
viradas de ponta cabeça, inclinações de ângulo, movimentos circulares, tudo isso
facilita a percepção da presença da gravidade ali.
Unido a isso, está a fotografia, que ajuda ao criar de forma
competente o ambiente interno da nave, dando uma igualdade a todos os
ambientes, desde os mais quentes, como a mesa de jantar e a academia, até os
mais frios, como o espaço de pilotagem e o laboratório, usando a luz para
realizar a diferenciação.
A projeção conta também com uma atuação competente de todo o
seu elenco, percebemos como cada um ali é necessário para que tudo ali
funcione. Mas, tem um porém, em filmes de ficção cientifica que abordam a luta
entre monstros e pessoas, há, como dito no primeiro paragrafo, a necessidade de
união entre suspense e empatia do público para com os personagens, e aqui, esse
último não existe.
Nunca sabemos as motivações que os fizeram estar ali, não
conhecemos suas histórias, e por conta disso, o espectador nunca se flagra
torcendo pela sobrevivência deles, e sim, apenas da palpites do que e como
fazer, e isso é considerado empatia, mas, caso nós soubéssemos a história
dos personagens, talvez acabássemos por gostar mais deles e refletindo mais
sobre os efeitos do estudo realizado por aquelas pessoas.
Isso poderia ser resolvido através da montagem, com planos
mais longos, as cenas seriam mais longas, e consequentemente o filme duraria
mais, logo, com mais tempo de tela, o roteiro poderia desenvolver melhor seus
personagens, usando seu ótimo elenco.
Logo, “Vida” é um filme que funciona em parte dentro da
história que propõe, mas, talvez, se fosse mais longo, a obra teria mais vida.
Com o perdão do trocadilho.
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