Imagem: Mares Filmes |
Não há dúvidas que o papel da
arte é o do questionamento de tudo, da sociedade, dos pensamentos arraigados
nela, do que faz o humano ser humano e claro, o que faz a arte ser, de fato,
arte.
Para isso, essas correntes construidoras não podem dispor apenas de suas obras, é necessário também uma
teoria embasadora da prática, e essa vai aproximar tanto o artista de seu
trabalho, quanto o público da obra, levando empatia, e mesmo não havendo um
entendimento pleno do significado da coisa, há uma vontade de descobrir esse
significado.
“Manifesto” é um filme sobre
essas teorias e seus conceitos. Dirigido por Julian Rosefeldt, a obra traz 12
esquetes dramáticas com o objetivo de destrinchar uma corrente artística. O
filme não conta com personagens, e sim com personas que representam toda uma
vanguarda (se essa é a palavra certa). Esses símbolos são todos
interpretados por Cate Blanchett, ou seja, ela interpreta 12 pessoas
diferentes, se contarmos com a repórter de um dos quadros, 13 é o número de
interpretações.
Didatica é uma palavra
resumidora dessa obra, pois, a partir de suas falas, muitas vezes construidas a
partir dos próprios manifestos das artes representadas no momento em questão,
ensina como a arte é abrangente, um espaço onde há lugar para todos os tipos de
pessoas, de todas as faixas etárias. Assim, acabamos por ter uma aula dos
movimentos artisticos que foram dominantes em algum momento.
E assim como as personagens
interpretadas por Blanchett são 13, esse também é o número de correntes
artísticas apresentadas: Situacionismo, Futurismo, Arquitetura, Construcionismo,
Dadaísmo, Pop Art, Criacionismo (movimento que explica a origem da vida e do universo usando como base a religião), Expressionismo, Abstracionismo, Fluxus
(performance), Surrealismo, Minimalismo e o movimento cinematográfico Dogma 95
(encabeçado por Lars von Trier e Thomas Vinterberg) e uma outra vertente do cinema, aquela de Jim Jarmusch,
diretor americano, que tem como principal fundamento a frase “nada é original”.
Logo, não temos apenas uma
reunião de manifestos artísticos que marcaram um período, temos um resumo da
história da humanidade, porque esta se mistura com a história da arte. No
situacionismo vemos como a revolução e luta contra o capitalismo (muito em voga
após a publicação do Manifesto Comunista de Marx e Engels) influenciou as
obras, como o Futurismo é hoje o nosso presente, devido a sociedade rápida e
imediatista e como a ironia e sagacidade do dadaísmo é outra coisa atual nos
cotidianos de muitas pessoas.
Portanto, “Manifesto” não é
apenas um filme que fala sobre os vários manifestos artísticos, mas é um
manifesto por si só, por trazer a arte como personagem principal (na figura
brilhante de Cate Blanchett) e pela reflexão inerente que a projeção causa em
quem assiste.
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