11/06/2017 04:10:00 PM

Crítica: “Manifesto” e a discussão da arte pela arte

Manifesto
Imagem: Mares Filmes

Não há dúvidas que o papel da arte é o do questionamento de tudo, da sociedade, dos pensamentos arraigados nela, do que faz o humano ser humano e claro, o que faz a arte ser, de fato, arte.

Para isso, essas correntes construidoras não podem dispor apenas de suas obras, é necessário também uma teoria embasadora da prática, e essa vai aproximar tanto o artista de seu trabalho, quanto o público da obra, levando empatia, e mesmo não havendo um entendimento pleno do significado da coisa, há uma vontade de descobrir esse significado.



“Manifesto” é um filme sobre essas teorias e seus conceitos. Dirigido por Julian Rosefeldt, a obra traz 12 esquetes dramáticas com o objetivo de destrinchar uma corrente artística. O filme não conta com personagens, e sim com personas que representam toda uma vanguarda (se essa é a palavra certa). Esses símbolos são todos interpretados por Cate Blanchett, ou seja, ela interpreta 12 pessoas diferentes, se contarmos com a repórter de um dos quadros, 13 é o número de interpretações.

Didatica é uma palavra resumidora dessa obra, pois, a partir de suas falas, muitas vezes construidas a partir dos próprios manifestos das artes representadas no momento em questão, ensina como a arte é abrangente, um espaço onde há lugar para todos os tipos de pessoas, de todas as faixas etárias. Assim, acabamos por ter uma aula dos movimentos artisticos que foram dominantes em algum momento.
E assim como as personagens interpretadas por Blanchett são 13, esse também é o número de correntes artísticas apresentadas: Situacionismo, Futurismo, Arquitetura, Construcionismo, Dadaísmo, Pop Art, Criacionismo (movimento que explica a origem da vida e do universo usando como base a religião), Expressionismo, Abstracionismo, Fluxus (performance), Surrealismo, Minimalismo e o movimento cinematográfico Dogma 95 (encabeçado por Lars von Trier e Thomas Vinterberg) e uma outra vertente do cinema, aquela de Jim Jarmusch, diretor americano, que tem como principal fundamento a frase “nada é original”.

Logo, não temos apenas uma reunião de manifestos artísticos que marcaram um período, temos um resumo da história da humanidade, porque esta se mistura com a história da arte. No situacionismo vemos como a revolução e luta contra o capitalismo (muito em voga após a publicação do Manifesto Comunista de Marx e Engels) influenciou as obras, como o Futurismo é hoje o nosso presente, devido a sociedade rápida e imediatista e como a ironia e sagacidade do dadaísmo é outra coisa atual nos cotidianos de muitas pessoas.

Portanto, “Manifesto” não é apenas um filme que fala sobre os vários manifestos artísticos, mas é um manifesto por si só, por trazer a arte como personagem principal (na figura brilhante de Cate Blanchett) e pela reflexão inerente que a projeção causa em quem assiste. 

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