Imagem: Divulgação |
“A Ghost Story”, filme dirigido por David Lowery, trata
justamente disso, de como nós agimos em relação a morte e também perante aos
sentimentos descritos no parágrafo anterior. Porém, de uma maneira um pouco
diferente para um filme de drama.
Um homem (Casey Affleck) mora com sua companheira
(interpretada por Rooney Mara) em uma casa afastada da cidade. Esse rapaz morre
em um acidente de carro, deixando sua mulher sozinha na residência. Ele volta
como um fantasma, e faz isso com dois objetivos, o de consola-la e o de matar a
saudade que o incomoda.
Vemos como Lowery foi ousado em contar uma história usando
um outro ponto de vista, o do fantasma, comumente, a pessoa viva é a utilizada,
mas aqui acompanhamos toda a história pelo ponto de vista do morto, isso
explica diversas decisões acertadas do realizador, principalmente em relação ao
som e a edição.
Na montagem, a obra conta com movimentos de câmera variados devido a projeção ter muita movimentação (pessoas andando principalmente), vemos como a
organicidade é o dominante, principalmente levando em consideração o uso muito
comum de cortes para gerar a impressão de mobilidade.
Já no aspecto sonoro, a projeção, por ser toda pelo ponto de
vista do fantasma, tem apenas uma alternativa, usar o silêncio. E é justamente
o que é feito, o silencio é dominante na obra, a maioria dos barulhos escutados
pertencem ao ambiente onde as cenas se passam (em geral, as cenas ocorrem na casa),
sem foco nos diálogos. Logo, para perceber quando o fantasma sente raiva, o
diretor usa de movimentos de câmera para isso, para vermos algo que o fantasma
viu e sabermos como ele se sentiu, muitas vezes ou o som é usado (e nesse caso,
é alguma música), ou é alguma luz que surge ou desaparece, como, por exemplo,
as inúmeras lâmpadas utilizadas em diversos momentos.
Além disso, o som serve como fator de exposição para a saudade sentida pelo protagonista, saudade de viver e saudade da esposa, ambos os aspectos podem servir de motivo para ele ter ficado na terra ao invés de passar para o outro plano logo de cara, para ele, buscar algo, seja dele ou da esposa é de suma importância, por isso ele leva tão a sério o bilhete deixado por ela.
Além disso, o som serve como fator de exposição para a saudade sentida pelo protagonista, saudade de viver e saudade da esposa, ambos os aspectos podem servir de motivo para ele ter ficado na terra ao invés de passar para o outro plano logo de cara, para ele, buscar algo, seja dele ou da esposa é de suma importância, por isso ele leva tão a sério o bilhete deixado por ela.
A atuação de Casey Affleck (novamente em um papel difícil,
assim como em Manchester a Beira Mar) e de Rooney Mara são excelentes, graças
as suas expressões (ou falta delas) os sentimentos são passados ao público com
maestria e o filme se torna um resumo do que deve ser o cinema, o acontecimento
deve ser mostrado ao espectador, e não contado a ele através de diálogos expositivos.
Logo, “A Ghost Story” é um exercício ousado de estilo, que
funciona graças ao seu elenco principal, a sua montagem inteligente e a uma
trilha sonora diégetica (sons do ambiente) que substitui a trilha sonora
dialogada com perfeição. E levando em consideração o sentimento do qual o
filme trata, o silencio vale mais que mil palavras.
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