Imagem: IMOVISION / Divulgação |
Fatih Akin é um diretor turco que com o aumento da imigração
de refugiados para a Turquia e Alemanha, usa essa atualidade em seus filmes.
Apesar de inteligente nessa escolha, seus trabalhos não são de todo bons, devido a
inconsistência do elenco, que conta com atores e atrizes fracos ou no máximo
medianos, se não fosse isso ele seria mais conhecido. Felizmente, isso não
acontece “Em Pedaços”, um ótimo estudo de atualidade e de personagem.
Lançado em 2017, escolhido como pré-candidato ao Oscar 2018
chegando até a fase dos nove finalistas, vencedor do Globo de Ouro de Melhor
Filme Estrangeiro, a obra conta a história de Katja (interpretada por Diane Kruger),
mulher alemã, casada com um turco e com um filho de seis anos. Ele trabalha em
um escritório, e no dia em que estava cuidando do filho no trabalho, uma bomba
explodiu em frente ao local, matando os dois. Katja passa a ajudar nas
investigações para a descoberta do culpado.
A obra consegue nos oferecer uma história muito bem estruturada
e fotografada, com poucos cortes e sem uma trama secundária, logo, por ter
apenas um foco, a montagem do filme traz ritmo a narrativa sem se preocupar com
outras coisas, o roteiro consegue dar nó em todos os pontos, sem deixar nenhuma
brecha ou algo para se resolver.
Na estrutura, a obra é dividida em três partes basicamente
iguais no quesito tempo, a primeira parte trata da família e do atentado, a
segunda parte mostra a prisão, julgamento e resultado deste, a terceira fecha o
ciclo interno de jornada da protagonista, expondo como ela lidou com o fim do
processo pelo qual passou.
Katja está no centro de todas as partes, assim, vemos como
Diane Kruger consegue passar sentimentos sem forçar o choro, não que ela não
comova com a sua tristeza e na exposição do seu vazio. Kruger mostra a
personagem como uma mulher que perdeu tudo e, como toda pessoa nessa situação,
ela não sabe lidar com isso, assim é compreensível certas atitudes, como o uso
de drogas, a vontade de ficar sozinha o tempo inteiro, a falta de calma e de
racionalidade em alguns momentos e a constante perda de vontade.
Para expor tudo isso, são utilizados movimentos de câmera e
são evitados os cortes secos, ao escolher travellings para o lado, seja o
esquerdo ou o direito, é possível notar como em um mesmo plano podem ocorrer
diversas coisas, um exemplo disso é uma das saídas de Katja no tribunal no meio
da sessão - um dos momentos de falta de calma dela - e a cena final da projeção, que
inicia em um plano geral muito bem feito e surpreende devido ao seu contexto.
Esse tipo de coisa torna o filme elegante e harmonioso,
assim como sua fotografia, quase sempre escura, expondo o estado de espirito da
protagonista, reparem como após ela usar drogas, a cena se torna levemente mais
clara por um momento, expondo que a personagem está sob o efeito dos entorpecentes, não
que esse tipo de ferramenta fosse necessária, até porque nós vimos ela usando,
mas, como é usada de forma discreta, essa atitude é uma virtude e não um excesso.
Portanto, “Em Pedaços” é um filme que leva Fatih Akin a um
novo patamar, pois apesar de sempre competente na técnica, agora ele sabe o beneficio que
uma boa atriz acompanhada de um bom elenco pode trazer as suas obras. Essa
projeção é um ótimo trabalho devido a técnica, mas se sobressai graças a Diane
Kruger.
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