Imagem: Adoro Cinema / DIVULGAÇÃO |
Na época em que vivemos, em que extremismos são dominantes, escutar isso no áudio original do julgamento, da voz do próprio Mandela, é algo triste e emocionante. Triste porque essa luta continua, emocionante porque esse ideal continua vivo.
“O Estado contra Nelson Mandela e os Outros” é um documentário que conta a história desse julgamento, usando o áudio original dele, único registro da ocasião. Dirigido por Nicolas Champeaux e Gilles Porte, a obra também entrevista alguns dos condenados que ainda estão vivos, a viúva de Mandela, Winnie e se estrutura entre depoimentos e o áudio.
A projeção se utiliza dessas entrevistas, para estabelecer pontos e contrapontos, reconstrói o julgamento com animações muito bem feitas, dublando as pessoas com o áudio original do momento. Essas animações, além de bonitas visualmente, são em preto e branco, parece que são feitas em carvão, contextualizam bem a época histórica, de apartheid e luta dos negros por direitos iguais.
As oposições são construídas em sua maioria graças a essa animação, que dão um conteúdo imagético necessário, pois esse áudio, apesar de explicativo, precisa de algo que o complete, para ajudar o público a acompanhar.
Unindo isso aos depoimentos, o documentário se torna rico, pois as entrevistas foram muito bem conduzidas e não foram apenas os depoimentos dos condenados que foram colhidos, os filhos do promotor também tiveram espaço para falar.
Na maioria das vezes, o corte utilizado é o corte seco. Graças a essa ferramenta técnica que o documentário tem um ritmo invejável e mostra os depoimentos de forma que todos são protagonistas, com tempo quase igual de tela para os entrevistados, por isso que durante as uma hora e quarenta de projeção, não há perda de qualidade em nenhum momento, a intensidade é mantida sem problemas e os diretores aumentam esse ritmo com táticas simples usadas na animação, como a toga do promotor aumentando de vez em quando, engolindo o acusado, como se o tecido representasse a injustiça, ou quando o som aumenta para ouvirmos mais claramente os brados do povo.
Fora que essas atitudes, explicitam de forma elegante, o ponto de vista pessoal dos diretores e com isso, a decisão deles de entrevistar membros da família do promotor de justiça, é acima de tudo honesta, pois Champeaux e Porte aparentemente são pessoas de ideologias diferentes da do promotor.
Portanto, “O Estado contra Nelson Mandela e os Outros” é um filme muito bem dirigido pelos dois diretores, pois são estabelecidos honestidade, história e pontos de vista diferentes a cada quadro da projeção.
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