Imagem: Supo Mungam Films / DIVULGAÇÃO |
A história se passa no século XVIII e é simples, Marianne é uma pintora que foi contratada para pintar o retrato de Heloise, que é noiva e se casará por obrigação. Com o tempo e com o retrato sendo feito, a relação entre as duas mulheres se desenvolve e elas se apaixonam uma pela outra.
Esse retrato representa não apenas um trabalho para uma mulher, já que Sciamma e seu roteiro fazem com que ele trate diversos assuntos e são esses que enriquecem a trama, já que vemos liberdade e independência sendo exercidas pelas duas personagens centrais.
Seja pelo ponto de vista de Marianne, que é uma mulher com certa liberdade, que não tem a obrigação de casar e é pintora ou por Heloise, que tem as liberdades mais básicas cerceadas, como, por exemplo, caminhar ao ar livre, escutar música e claro, o casamento.
Talvez por isso Sciamma tenha escolhido um ritmo mais lento para a obra, que é dinâmica, mas que usa muito as tomadas longas com travellings (movimentos para o lado, trás, acima ou abaixo da personagem) pelo ponto de vista de Marianne, expondo como esta observa Heloise o tempo todo.
O que faz a câmera próxima da personagem de Haenel cumprir dois objetivos narrativos de uma vez só, o do retrato que Marianne precisa fazer e para isso a observa e claro, manter a tensão existente entre as duas sempre ativa, de forma a fazer o público ficar imerso naquele relacionamento.
Esses pontos são potencializados devido a fotografia em luz natural, tornando o filme realista e os sons serem exclusivamente os presentes no ambiente onde a história se passa, o que faz com que o filme dependa muito das atuações de Merlant e Haenel e isso não é um problema, já que as duas estão excelentes no seu trabalho e as atuações se completam de forma efetiva.
Assim como o amor e a liberdade das duas, como fica ainda mais claro na segunda hora de filme, já que é nessa hora que Sciamma quebra os padrões que criou para manter a tensão viva e latente, seja por ambas as personagens mudarem ou por elas se aproximarem dentro das liberdades que são suas por direito.
Todo o filme é sobre liberdade e sobre a intensidade que os sentimentos, sejam eles quais forem podem adquirir com o passar do tempo e isso fica claro desde o começo do filme, pelo tom vermelho do vestido de Marianne, indicando paixão, amor e fome de algo, independente do que seja.
E pensar que o amor delas é muito parecido com aquele de Orfeu e Eurídice no conto da mitologia grega, inclusive discutido pelas personagens em certo momento da obra, o que leva o público a pensar se algum dia uma delas será o Orfeu da relação e virará para olhar Eurídice pela última vez.
No caso do filme, o que importa é viver algo e escolher o que e como viver esse algo. A intensidade dos sentimentos é mais importante que a duração da existência deles e as chamas do título podem representar isso, assim como o retrato propriamente dito e a liberdade que anseiam.
Pois elas sabem que é melhor algo ser intenso e existir do que não existir de nenhuma maneira e que não importa quem será o Orfeu da relação (se houver algum), mas sim que teve uma relação e que essa começou com um retrato de uma jovem que desejava viver e cujas chamas são mais internas do que externas.
É isso que faz “Retrato de uma jovem em chamas” um filme tão bonito, porque o que importa é a existência de algo e a liberdade de se ter esse algo mesmo se passando em uma época que parece nunca ter acabado. As chamas são mais importantes do que o que elas podem iluminar. E só vendo o filme isso de fato ficará claro.
Garanto que não é uma tarefa difícil assistir ao, até aqui, melhor trabalho de uma das grandes diretoras da atualidade.
Veja o trailer aqui:
Seja pelo ponto de vista de Marianne, que é uma mulher com certa liberdade, que não tem a obrigação de casar e é pintora ou por Heloise, que tem as liberdades mais básicas cerceadas, como, por exemplo, caminhar ao ar livre, escutar música e claro, o casamento.
Talvez por isso Sciamma tenha escolhido um ritmo mais lento para a obra, que é dinâmica, mas que usa muito as tomadas longas com travellings (movimentos para o lado, trás, acima ou abaixo da personagem) pelo ponto de vista de Marianne, expondo como esta observa Heloise o tempo todo.
O que faz a câmera próxima da personagem de Haenel cumprir dois objetivos narrativos de uma vez só, o do retrato que Marianne precisa fazer e para isso a observa e claro, manter a tensão existente entre as duas sempre ativa, de forma a fazer o público ficar imerso naquele relacionamento.
Esses pontos são potencializados devido a fotografia em luz natural, tornando o filme realista e os sons serem exclusivamente os presentes no ambiente onde a história se passa, o que faz com que o filme dependa muito das atuações de Merlant e Haenel e isso não é um problema, já que as duas estão excelentes no seu trabalho e as atuações se completam de forma efetiva.
Assim como o amor e a liberdade das duas, como fica ainda mais claro na segunda hora de filme, já que é nessa hora que Sciamma quebra os padrões que criou para manter a tensão viva e latente, seja por ambas as personagens mudarem ou por elas se aproximarem dentro das liberdades que são suas por direito.
Todo o filme é sobre liberdade e sobre a intensidade que os sentimentos, sejam eles quais forem podem adquirir com o passar do tempo e isso fica claro desde o começo do filme, pelo tom vermelho do vestido de Marianne, indicando paixão, amor e fome de algo, independente do que seja.
E pensar que o amor delas é muito parecido com aquele de Orfeu e Eurídice no conto da mitologia grega, inclusive discutido pelas personagens em certo momento da obra, o que leva o público a pensar se algum dia uma delas será o Orfeu da relação e virará para olhar Eurídice pela última vez.
No caso do filme, o que importa é viver algo e escolher o que e como viver esse algo. A intensidade dos sentimentos é mais importante que a duração da existência deles e as chamas do título podem representar isso, assim como o retrato propriamente dito e a liberdade que anseiam.
Pois elas sabem que é melhor algo ser intenso e existir do que não existir de nenhuma maneira e que não importa quem será o Orfeu da relação (se houver algum), mas sim que teve uma relação e que essa começou com um retrato de uma jovem que desejava viver e cujas chamas são mais internas do que externas.
É isso que faz “Retrato de uma jovem em chamas” um filme tão bonito, porque o que importa é a existência de algo e a liberdade de se ter esse algo mesmo se passando em uma época que parece nunca ter acabado. As chamas são mais importantes do que o que elas podem iluminar. E só vendo o filme isso de fato ficará claro.
Garanto que não é uma tarefa difícil assistir ao, até aqui, melhor trabalho de uma das grandes diretoras da atualidade.
Veja o trailer aqui:
Interessante, atual ,chamativo .
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