Imagem: DIVULGAÇÃO / Mubi |
No filme dirigido e escrito por Larraín, a ordem dentro do caos tem como pivô Ema, a personagem que dá título a projeção e interpretada por Mariana Di Girolamo, é uma dançarina da companhia administrada por seu marido Gastón (Gael Garcia Bernal). Após adotarem uma criança e terem crises no relacionamento com ela e entre eles, o casal decide devolver o menino para adoção e se divorciam, o que faz Ema fazer de tudo para ter o filho de volta.
Digo “filho” porque ela considera o menino como filho, mesmo que dentro do ciclo de agressividade no qual ela e as pessoas ao redor dela estão inseridas, talvez não fosse ideal ela considerá-lo assim. Essa agressividade é exposta de diversas formas por Larraín, principalmente na montagem e na trilha, esta última de Nicolas Jaar.
A trilha ajuda a compor o ambiente que o diretor construiu de forma a ficarmos imersos na projeção e que o público fique tão agitado quanto as personagens que são colegas de Ema na companhia. Da mesma forma, a trilha ajuda a gerar o método dentro da loucura que é a montagem.
Pois esta dispõe os fatos de forma bruta. Em um primeiro momento nos sentimos jogados no meio daquilo e tão abandonados quanto Ema se sente quando ela e o ex-marido devolvem o filho. Na medida que a protagonista vai melhorando e lidando com aquilo, o que antes fazia o público se sentir jogado, faz ele se sentir incluído e principalmente, faz ele questionar o porquê de tudo aquilo.
Esse é um dos motivos que, com o passar do tempo, o filme vai ficando cada vez mais colorido, de forma a sermos inseridos naquele ciclo de agressividade que é construído por Ema. O vermelho e o roxo não representam apenas a violência e a morte, sensações presentes devido ao abandono do menino pelo casal.
Mas também representam a luxuria, o sexo e a libido de todos os envolvidos na narrativa criada por Ema e sem dúvida, é esse o significado principal das cores escolhidas pelo diretor. Elas representam, com todos os sentidos aqui apresentados, um conflito entre pessoas que querem se envolver de forma mais densa, mas não fazem porque sabem que irão se machucar, já que fizeram a tentativa desse envolvimento anteriormente.
Por isso o comportamento de todos os personagens é autodestrutivo, o que podemos reparar pela dança, que tem um papel importante no filme. Se no começo ela é relativamente calma, no meio ela é a única forma que Ema tem de se manter sã e conseguir pensar e no fim, ela é a confirmação da mudança da personagem e do plano desta.
Os movimentos de câmera são fluidos, de forma a acompanhar a dança e todas essas mudanças de sentido, da mesma forma que servem para acompanhar o arco de Ema e da agressividade que ela impõe as pessoas que estão com ela, desde Gastón, até as colegas dançarinas.
Essa agressividade é exposta pela personagem de diversas formas, usando o sexo e as relações que desenvolve com a advogada que contrata para o divórcio e o bombeiro que conhece após um certo uso de fogo, até o amor, por mais contraditório que isso possa parecer, que sente pela dança e pelo filho adotivo.
Se ela usa as chamas (não detalharei esse ponto por considerar spoiler) para representar de forma física a agressividade que todos ali têm – reparem em como as colegas dela ficam felizes ao vê-la usando o fogo – ela também usa para representar a dor da perda do filho e da culpa que ela e o ex-marido sentem por isso.
Essas leituras são apenas possíveis graças a atuação de Mariana Di Girolamo, que faz de Ema uma personagem extremamente multifacetada e faz com que o método dentro da loucura que Larraín criou seja algo crível dentro do possível, o que levando em consideração os fatos, é algo bem difícil de se fazer.
Isso se estende a Gael Garcia Bernal e ao resto do elenco, que contribuem para que essa loucura funcione e para que o método de Ema, por mais que seja uma insanidade, faça sentido dentro do filme.
Assim, “Ema” é um trabalho que conta sua história de forma ousada, bem estabelecida e cria um método dentro da loucura da história que apenas é possível graças a uma ótima atuação principal e a inteligência em usar a técnica como ferramenta que serve a narrativa.
A trilha ajuda a compor o ambiente que o diretor construiu de forma a ficarmos imersos na projeção e que o público fique tão agitado quanto as personagens que são colegas de Ema na companhia. Da mesma forma, a trilha ajuda a gerar o método dentro da loucura que é a montagem.
Pois esta dispõe os fatos de forma bruta. Em um primeiro momento nos sentimos jogados no meio daquilo e tão abandonados quanto Ema se sente quando ela e o ex-marido devolvem o filho. Na medida que a protagonista vai melhorando e lidando com aquilo, o que antes fazia o público se sentir jogado, faz ele se sentir incluído e principalmente, faz ele questionar o porquê de tudo aquilo.
Esse é um dos motivos que, com o passar do tempo, o filme vai ficando cada vez mais colorido, de forma a sermos inseridos naquele ciclo de agressividade que é construído por Ema. O vermelho e o roxo não representam apenas a violência e a morte, sensações presentes devido ao abandono do menino pelo casal.
Mas também representam a luxuria, o sexo e a libido de todos os envolvidos na narrativa criada por Ema e sem dúvida, é esse o significado principal das cores escolhidas pelo diretor. Elas representam, com todos os sentidos aqui apresentados, um conflito entre pessoas que querem se envolver de forma mais densa, mas não fazem porque sabem que irão se machucar, já que fizeram a tentativa desse envolvimento anteriormente.
Por isso o comportamento de todos os personagens é autodestrutivo, o que podemos reparar pela dança, que tem um papel importante no filme. Se no começo ela é relativamente calma, no meio ela é a única forma que Ema tem de se manter sã e conseguir pensar e no fim, ela é a confirmação da mudança da personagem e do plano desta.
Os movimentos de câmera são fluidos, de forma a acompanhar a dança e todas essas mudanças de sentido, da mesma forma que servem para acompanhar o arco de Ema e da agressividade que ela impõe as pessoas que estão com ela, desde Gastón, até as colegas dançarinas.
Essa agressividade é exposta pela personagem de diversas formas, usando o sexo e as relações que desenvolve com a advogada que contrata para o divórcio e o bombeiro que conhece após um certo uso de fogo, até o amor, por mais contraditório que isso possa parecer, que sente pela dança e pelo filho adotivo.
Se ela usa as chamas (não detalharei esse ponto por considerar spoiler) para representar de forma física a agressividade que todos ali têm – reparem em como as colegas dela ficam felizes ao vê-la usando o fogo – ela também usa para representar a dor da perda do filho e da culpa que ela e o ex-marido sentem por isso.
Essas leituras são apenas possíveis graças a atuação de Mariana Di Girolamo, que faz de Ema uma personagem extremamente multifacetada e faz com que o método dentro da loucura que Larraín criou seja algo crível dentro do possível, o que levando em consideração os fatos, é algo bem difícil de se fazer.
Isso se estende a Gael Garcia Bernal e ao resto do elenco, que contribuem para que essa loucura funcione e para que o método de Ema, por mais que seja uma insanidade, faça sentido dentro do filme.
Assim, “Ema” é um trabalho que conta sua história de forma ousada, bem estabelecida e cria um método dentro da loucura da história que apenas é possível graças a uma ótima atuação principal e a inteligência em usar a técnica como ferramenta que serve a narrativa.
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