Imagem: American Zoetrope / Pandora Filmes / DIVULGAÇÃO |
Seja no que é referente a história do filme (Willard – Martin Sheen, precisa ir matar, no meio da selva do Vietnã durante a guerra, o Coronel Kurtz – Marlon Brando, que deserdou e fundou uma espécie de seita), ou no que é relacionado aos bastidores das filmagens, uma das mais complicadas que se tem notícia.
Pois Coppola teve inúmeras dificuldades em seu trabalho, ficou doente, faltou dinheiro, pressões do estúdio, problemas com atores, atrasos nas filmagens e cada vez mais ele e sua equipe penetravam, no fundo de tudo aquilo, em meio as trevas que aquele filme tinha gerado.
Sendo assim, acredito ser correto dizer que a presença de Kurtz não foi apenas no livro ou no filme, mas também no set de filmagem. Ao vermos esse Final Cut de Apocalypse Now, é possível perceber claramente como Kurtz assume um caráter mítico, tanto para o personagem de Martin Sheen, quanto para o público e para o diretor.
Logo, de todas as versões, a de cinema (lançada em 1979), a Redux, com quase quatro horas de duração (lançada em 2001), que teve a intenção de mostrar cenas que foram cortadas pelo estúdio e o Final Cut, lançado em 2019 em certas partes do mundo e em 2020 no Brasil, vemos finalmente o filme que Coppola quis fazer.
Assim é interessante notar como a obra não é apenas sobre guerra, mas sobre a necessidade de uma guerra, a aceitação de uma guerra e o caráter que uma guerra tem nas pessoas. Logo, mais do que um filme sobre a jornada de Willard, o mito de Kurtz e a Guerra do Vietnã em si, vemos um filme sobre efeitos causados por esse tipo de evento.
Graças a essa decisão de Coppola, subentendida nos outros cortes e explicita no Final Cut, o filme que temos aqui é outro filme. A atuação de Martin Sheen ganha um novo patamar, pois vemos como ele foi afetado por uma série de eventos em sua vida que tem, mesmo que indireta, uma relação com a guerra.
Sendo assim, acredito ser correto dizer que a presença de Kurtz não foi apenas no livro ou no filme, mas também no set de filmagem. Ao vermos esse Final Cut de Apocalypse Now, é possível perceber claramente como Kurtz assume um caráter mítico, tanto para o personagem de Martin Sheen, quanto para o público e para o diretor.
Logo, de todas as versões, a de cinema (lançada em 1979), a Redux, com quase quatro horas de duração (lançada em 2001), que teve a intenção de mostrar cenas que foram cortadas pelo estúdio e o Final Cut, lançado em 2019 em certas partes do mundo e em 2020 no Brasil, vemos finalmente o filme que Coppola quis fazer.
Assim é interessante notar como a obra não é apenas sobre guerra, mas sobre a necessidade de uma guerra, a aceitação de uma guerra e o caráter que uma guerra tem nas pessoas. Logo, mais do que um filme sobre a jornada de Willard, o mito de Kurtz e a Guerra do Vietnã em si, vemos um filme sobre efeitos causados por esse tipo de evento.
Graças a essa decisão de Coppola, subentendida nos outros cortes e explicita no Final Cut, o filme que temos aqui é outro filme. A atuação de Martin Sheen ganha um novo patamar, pois vemos como ele foi afetado por uma série de eventos em sua vida que tem, mesmo que indireta, uma relação com a guerra.
Imagem: American Zoetrope / Pandora Filmes / DIVULGAÇÃO |
Como, por exemplo, o divórcio, citado brevemente no começo (cujo tema retorna na cena com os franceses), ou o fato de ele não conseguir desapegar da guerra devido a um transtorno pós traumático claro, o que o leva a esconder sua personalidade para conseguir sobreviver (e novamente, vemos isso na cena com os franceses) e claro, o papel que Kurtz passa a representar para ele.
Assim, Willard se transforma em um personagem que é capaz de tudo, de ser um animal e um deus ao mesmo tempo (como diz, pela terceira vez, a cena com os franceses). É justamente isso que ele tem em comum com Kurtz e o motivo pelo qual ele ficou fascinado pela figura do Coronel.
Pois no Coronel, ele viu a si mesmo e viu alguém que ele pode se tornar. Kurtz consegue ser presente em todo o filme devido a isso, mesmo que ele só apareça de fato com duas horas e vinte de projeção. Marlon Brando consegue ser fiel a expectativa que a obra cria até que ele apareça.
Seja porque ele realmente é o homem sobre o qual Willard leu nos relatórios, ou porque o que ele criou se tornou algo tão grande que passou a fazer daquele local físico (bastidores ou o filme pronto), ou simplesmente, porque Kurtz de fato existe e está longe de ter enlouquecido, como muitos pensam que aconteceu.
Brando passa isso não apenas por sua voz, como seria o mais fácil, mas também por saber aproveitar a escuridão (que Coppola e Vittorio Storaro – diretor de fotografia – usaram para disfarçar o que não consideraram o peso ideal do ator), pois, nessa escuridão é que o peso da fala fica presente.
Por isso, que quando Kurtz diz sua fala clássica, “o horror, o horror”, aquilo soa tão real, não apenas porque ele tem razão, mas também porque conseguimos ver que o ator de fato sentiu aquilo, o que faz esse trabalho de Brando ser um, entre vários, de seus grandes trabalhos.
Coppola usa isso e também outras cenas, como a do funeral de um certo soldado, a cena dos franceses e, por incrível que pareça, o roubo da prancha de surf, para mostrar como o ambiente da guerra é algo tão vasto quanto o ambiente social comum e mesmo que tenha uma certa glamourização da guerra (a cena da Cavalgada das Valquírias é um exemplo claro disso), vemos também muita realidade.
Assim, Apocalypse Now consegue ser mais genial do que já era e finalmente vemos o filme que Francis Ford Coppola tentou fazer nos anos 70. O Final Cut é a versão definitiva desse grande clássico, pois é nessa versão que penetramos de fato no coração das trevas.
Assim, Willard se transforma em um personagem que é capaz de tudo, de ser um animal e um deus ao mesmo tempo (como diz, pela terceira vez, a cena com os franceses). É justamente isso que ele tem em comum com Kurtz e o motivo pelo qual ele ficou fascinado pela figura do Coronel.
Pois no Coronel, ele viu a si mesmo e viu alguém que ele pode se tornar. Kurtz consegue ser presente em todo o filme devido a isso, mesmo que ele só apareça de fato com duas horas e vinte de projeção. Marlon Brando consegue ser fiel a expectativa que a obra cria até que ele apareça.
Seja porque ele realmente é o homem sobre o qual Willard leu nos relatórios, ou porque o que ele criou se tornou algo tão grande que passou a fazer daquele local físico (bastidores ou o filme pronto), ou simplesmente, porque Kurtz de fato existe e está longe de ter enlouquecido, como muitos pensam que aconteceu.
Brando passa isso não apenas por sua voz, como seria o mais fácil, mas também por saber aproveitar a escuridão (que Coppola e Vittorio Storaro – diretor de fotografia – usaram para disfarçar o que não consideraram o peso ideal do ator), pois, nessa escuridão é que o peso da fala fica presente.
Por isso, que quando Kurtz diz sua fala clássica, “o horror, o horror”, aquilo soa tão real, não apenas porque ele tem razão, mas também porque conseguimos ver que o ator de fato sentiu aquilo, o que faz esse trabalho de Brando ser um, entre vários, de seus grandes trabalhos.
Coppola usa isso e também outras cenas, como a do funeral de um certo soldado, a cena dos franceses e, por incrível que pareça, o roubo da prancha de surf, para mostrar como o ambiente da guerra é algo tão vasto quanto o ambiente social comum e mesmo que tenha uma certa glamourização da guerra (a cena da Cavalgada das Valquírias é um exemplo claro disso), vemos também muita realidade.
Assim, Apocalypse Now consegue ser mais genial do que já era e finalmente vemos o filme que Francis Ford Coppola tentou fazer nos anos 70. O Final Cut é a versão definitiva desse grande clássico, pois é nessa versão que penetramos de fato no coração das trevas.
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