Imagem: Fantasia Festival / Stills |
Texto que faz parte da cobertura da edição 2020 do Festival Fantasia
This critic is part of Fantasia Festival 2020 coverage
Por mais que os avanços na ciência, tecnologia e na sociedade em si, com diversos fatos históricos, ocorram todos os dias de forma brusca (uns mais bruscos que outros, claro), é surpreendente como as pessoas podem parar no tempo, podem fazer isso coletivamente e de comum acordo.
Não há dúvida de que “The curse of Audrey Earnshaw” (A maldição de Audrey Earnshaw) trata sobre esse assunto, já que o filme se passa em uma vila que, mesmo após diversos avanços e duas guerras mundiais, os habitantes que passaram e ainda passam por diversas doenças, pragas e afins, continuam vivendo como se estivessem nos anos 1800.
Não há dúvida de que “The curse of Audrey Earnshaw” (A maldição de Audrey Earnshaw) trata sobre esse assunto, já que o filme se passa em uma vila que, mesmo após diversos avanços e duas guerras mundiais, os habitantes que passaram e ainda passam por diversas doenças, pragas e afins, continuam vivendo como se estivessem nos anos 1800.
Dirigido e escrito por Thomas Robert Lee, acompanhamos duas personagens que apesar das pragas e dificuldades, conseguiram não apenas viver, mas prosperar. Agatha Earnshaw (Catherine Walker) e sua filha Audrey (Jessica Reynolds), vivem em uma fazenda distante da vila principal, sendo que a mãe esconde a filha da sociedade desde que ela nasceu. Com suspeita dos habitantes que ela e sua filha são bruxas, a exclusão socialmente aceitável ganha um novo patamar após a morte de um deles.
Justamente com essa suspeita é que o filme trabalha, pois é esta que é usada para vermos como a sociedade ali retratada estagnou, pois de fato não vemos avanço em nada, nem mesmo em como as pessoas lidam com a suspeita de algo que não sabem se é real ou não.
Isso traz certa atualidade no filme, pois sabemos que Audrey é uma bruxa e sabemos que tudo aquilo que é feito por ela, de certa forma serve para acabar com todo aquele sistema ali imposto, ao mesmo tempo em que serve como emancipação para a protagonista, no caso, de sua mãe e da prisão que lhe foi imposta.
Assim vemos que as pragas e as dificuldades que assolam aquelas pessoas acontecem não apenas pela bruxaria, mas também pela falta de avanço, por mais que Audrey tenha a ver com as mortes, seja por ter participação nelas ou pelo mistério que sonda sua figura e a de sua mãe.
Mistério que acaba sendo mortal para todos ali, inclusive para Audrey (vide como ela age no terceiro ato), porém, esse mistério é algo que diz respeito também a avanços desconhecidos ou, no mínimo, ignorados por todos que ali vivem, o que os leva a tudo que é narrado no filme.
Thomas Robert Lee consegue passar, através da direção, a reflexão de que mistérios levam a expectativas que em geral não são reais e que quanto mais rápido essas suspeitas forem esclarecidas, melhor. Pois a atualidade de “The Curse os Audrey Earnshaw” está em pessoas que tratam o desconhecido como inimigo e não com uma curiosidade saudável.
Se compararmos o que acontece no filme com o que acontece hoje, vemos que mudam as pessoas, mas não aqueles que fazem os atos cruéis, logo, a obra aposta em prisões, como as maiorias qualitativas prendendo, dentro de um sistema, as minorias quantitativas. Isso faz a obra ser inteligente e valer a pena durante as uma hora e meia de duração.
Justamente com essa suspeita é que o filme trabalha, pois é esta que é usada para vermos como a sociedade ali retratada estagnou, pois de fato não vemos avanço em nada, nem mesmo em como as pessoas lidam com a suspeita de algo que não sabem se é real ou não.
Isso traz certa atualidade no filme, pois sabemos que Audrey é uma bruxa e sabemos que tudo aquilo que é feito por ela, de certa forma serve para acabar com todo aquele sistema ali imposto, ao mesmo tempo em que serve como emancipação para a protagonista, no caso, de sua mãe e da prisão que lhe foi imposta.
Assim vemos que as pragas e as dificuldades que assolam aquelas pessoas acontecem não apenas pela bruxaria, mas também pela falta de avanço, por mais que Audrey tenha a ver com as mortes, seja por ter participação nelas ou pelo mistério que sonda sua figura e a de sua mãe.
Mistério que acaba sendo mortal para todos ali, inclusive para Audrey (vide como ela age no terceiro ato), porém, esse mistério é algo que diz respeito também a avanços desconhecidos ou, no mínimo, ignorados por todos que ali vivem, o que os leva a tudo que é narrado no filme.
Thomas Robert Lee consegue passar, através da direção, a reflexão de que mistérios levam a expectativas que em geral não são reais e que quanto mais rápido essas suspeitas forem esclarecidas, melhor. Pois a atualidade de “The Curse os Audrey Earnshaw” está em pessoas que tratam o desconhecido como inimigo e não com uma curiosidade saudável.
Se compararmos o que acontece no filme com o que acontece hoje, vemos que mudam as pessoas, mas não aqueles que fazem os atos cruéis, logo, a obra aposta em prisões, como as maiorias qualitativas prendendo, dentro de um sistema, as minorias quantitativas. Isso faz a obra ser inteligente e valer a pena durante as uma hora e meia de duração.
Texto que faz parte da cobertura da edição 2020 do Festival Fantasia
This critic is part of Fantasia Festival 2020 coverage
Nenhum comentário:
Postar um comentário