8/29/2020 12:00:00 AM

Fantasia Festival - Crítica: PVT Chat

PVT Chat
Imagem: Stills / Fantasia Festival

Texto que faz parte da cobertura da edição 2020 do Festival Fantasia

This critic is part of Fantasia Festival 2020 coverage

Todos nós temos obsessões, mas talvez poucos de nós deixamos nossas vidas serem inteiramente dominadas por elas, mesmo que elas dominem boa parte, em geral, pessoas precisam de algo real e vivo mais do que precisam de algo que se tornou uma obsessão não saudável.

É de obsessões que “PVT Chat” (Conversa privada) fala, no caso, as de Jack (Peter Vack). Viciado em apostas (que também é sua profissão) ele mora em Nova Iorque e tem contato com uma cam girl chamada Scarlet (Julia Fox), que vive em San Francisco. Porém, Jack vê uma mulher muito parecida com Scarlet e passa a procurar por ela desesperadamente.



Dirigido, escrito, editado e filmado por Ben Hozie, o filme trata o vicio muito bem e mostra o que a vida de uma pessoa pode se tornar caso este se torne o fator dominante em sua trajetória, de maneira que o público acaba ficando imerso e, porque não, obcecado com aquela história durante as suas 1h25 de duração.

Hozie faz com que a estrutura do filme seja a mais próxima possível de rotinas comuns em grandes cidades, que consistem em fazer as coisas mais básicas de forma rotineira, até essas se tornarem tediosas. Porém, através de seu protagonista, o diretor também fala de outro ponto importante, a manipulação.

Já que Jack é manipulado o tempo todo e não necessariamente por Scarlet, mas pela vida dele em si. Vemos isso através do que ele desperdiça ao longo do filme, como, por exemplo, um relacionamento sério com sua amiga artista ou, até mesmo, a possibilidade de se mudar de um apartamento, com o qual ele não se importa.

Ele desperdiça isso não apenas, como o público pode pensar logo de cara, devido a influência de Scarlet, mas também por comodismo e nostalgia, devido a sentir saudade de seu antigo colega de quarto e por não querer se envolver com uma pessoa que de fato se importa.

O que nos leva a Scarlet, que é o grande ponto positivo do filme, já que Hozie aprofunda a história da personagem, fazendo dela uma mulher como qualquer outra e não apenas uma cam girl que ganha dinheiro em cima de homens obcecados por ela. Assim, o filme dá multiplicidade para uma personagem importante que poderia, com outro diretor, ser tratada como uma personagem qualquer.

Claro que a atuação de Julia Fox ajuda nisso, pois é a partir do trabalho da atriz que o diretor constrói a profundidade da personagem, de maneira que tudo que ela faz tem um motivo especifico, até porque, uma escolha a favor de algo é uma escolha contra outra coisa, de forma que o filme cria empatia com o público devido a isso.

Assim, “PVT Chat” é mais do que um filme sobre o que o título diz (uma conversa privada), é uma obra sobre obsessões de pessoas comuns que querem conseguir realizar seus sonhos, que podem ser descobertos em momentos simples da vida ou através de algo do qual a pessoa não consegue se livrar.

Texto que faz parte da cobertura da edição 2020 do Festival Fantasia

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