8/13/2021 12:00:00 AM

Fantasia Festival: Baby, dont cry

Baby, dont cry
Imagem: DIVULGAÇÃO



Texto que faz parte da cobertura da edição 2021 do Festival Fantasia

This critic is part of Fantasia Festival 2021 coverage

Em épocas como a atual, acredito ser muito difícil (para não dizer impossível) não sentir ao menos um pouquinho de empatia com o casal protagonista de “Baby, dont cry”. Dois jovens sem futuro e sem algum tipo de base (financeira ou familiar), que vagam pela cidade em busca de algo, cometendo pequenos crimes para conseguir sobreviver.

Não que os personagens do filme dirigido por Jesse Dvorak sejam inocentes ou algo assim, mas isso não significa que mereçam sofrer. Baby  é uma jovem que encontra em Sky uma esperança e por isso eles começam a namorar. Com o pai já falecido e a mãe que a maltrata, ela encontra refugio nos pequenos vídeos que faz com sua câmera e no namorado, representante de um novo caminho.

Vemos então a busca desses dois por um futuro e como é difícil em meio a uma sociedade capitalista (cujo maior exemplo é justamente a estadunidense), ter esperança desse futuro e encontra-lo em alguma coisa. Todos os caminhos levam a desistência no meio da trajetória, ao abandono do sonho sem nem ter começado a tentar.

Como, por exemplo, Baby e seus filmes, por mais que Sky seja alguém considerado de má índole, é ele quem dá a Baby a esperança que ela precisa para não desistir de se mudar para Los Angeles e fazer filmes, pois a mãe a trata como uma delinquente e o estado trata pessoas como Baby como dispensáveis e mão de obra barata.

Nessas horas é importante lembrar o que seria de Baby caso o pai não tivesse falecido, pois vemos que ela tem saudade dele, ou seja, ao menos o mínimo de apoio e incentivo ele dava a ela. As vezes, esse tipo de coisa é tão ou mais importante que um apoio financeiro.

É justamente esse tipo de carinho que Baby encontra fora de casa, Sky incentiva a ela a filmar e de certa forma dá ideias para o conteúdo das filmagens. As vezes precisamos de tão pouco que quando encontramos o mínimo, ficamos tão próximos da felicidade a ponto de chamar aquilo de amor, mesmo esse sentimento se tornando amor no futuro, pois é inegável a existência desse sentimento entre Baby e Sky.

Provavelmente, se fossem ricos, eles seriam um tipo de casal que a Cassie na série Euphoria, fala que Maddy e Nate são: brigam o tempo todo, violentos um com o outro, mas não conseguem se separar. Isso é triste e até criminoso (como é o caso do casal da série), apenas não acontece com Baby e Sky porque eles não tem tempo de pensar nisso.

Os dois vendem o almoço para comprar a janta, Dvorak retrata isso de maneira não romantizada (felizmente), é a única alternativa encontrada pelos dois em meio a pobreza, bullying e ciúmes de outras pessoas. O título do filme tem “Não chore” nele, mas tudo aquilo é tão destruidor, que chega a ser surpreendente como, de fato, tem pouco choro no filme.

Assim, “Baby, dont cry” é uma busca ininterrupta por esperança e acha-la em meio ao contexto no qual Baby vive é muito difícil. Talvez Sky se chame assim porque para ela, ele é o céu e um céu azul e bonito representa coisas boas, entre elas, um futuro, caminho a seguir e esperança.

Texto que faz parte da cobertura da edição 2021 do Festival Fantasia

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