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This critic is part of Fantasia Festival 2021 coverage
Me lembro de ter visto filmes sobre Transtorno Pós-traumático,
mas não me lembro de ter visto um filme de ação sobre esse assunto. Com certeza
eles existem e eu os desconheço (por enquanto), mas, por abordar essa temática
dentro da ação, um filme como “Indemnity” se torna interessante apenas por sua
premissa base.
Dirigido e escrito por Travis Taute, acompanhamos Theo
Abrams, um jovem bombeiro com Transtorno Pós-traumático após perder dois
companheiros de trabalho em um incêndio. Afastado do ofício, não fazendo
terapia por orgulho, ele descobre estar envolvido em um programa privado que as
pessoas participantes de maneira involuntária sofreram algo similar com o que
ele sofreu e assim, Theo passa a investigar o que é isso após ser acusado de assassinato.
Ao tratar ao assunto da maneira que escolheu, Taute não foge
de uma linguagem habitual a ação e já conhecida do público, porém, isso não
significa falta de funcionalidade na mensagem ou na ideia que deseja passar,
mesmo buscando caminhos mais próximos do entretenimento puro e simples, há
certas coisas interessantes no filme.
A ideia da hipnose e de como o esquema da empresa vilã da
obra funciona é algo legal de se acompanhar, principalmente porque além de
manter o mistério do que exatamente é aquilo durante as 2h de duração, a
empresa é o vilão perfeito para Theo, um protagonista extremamente capacitado:
ele luta, é bom investigador, tem instintos rápidos e assertivos e é
inteligente.
Ou seja, inicialmente, pensamos que o protagonista é
imbatível, mas ele “perde” apenas para a hipnose e perde, de fato, por não
saber lidar com o trauma que passou. Claro, imagino que seja extremamente
difícil viver com o que aconteceu e principalmente da forma que aconteceu.
Talvez, “Indemnity” se beneficiasse de mais clareza em
alguns pontos, principalmente no que diz respeito a complexidade do esquema
apresentado ali e talvez conheceríamos melhor Theo se soubéssemos mais da
relação desse com a esposa antes dele perder os companheiros de trabalho no
incêndio. Temos as informações, mas o filme poderia fazer bom uso de um
conteúdo mais aprofundado nesse aspecto.
Mesmo que em outros pontos não tenha o que reclamar nesse
sentido, seja no que diz respeito ao desenrolar da trama ou naquilo que tange a
necessidade da terapia independente de eventos como os que Theo passou. A
terapia é apresentada por basicamente todos os personagens do filme (menos o
protagonista orgulhoso) como algo de extrema importância para a vida em si e
algo que deve ser levado a sério.
Se pensamos nesse ponto dentro de um filme de ação, Theo é
imbatível em relação as suas capacidades (como já dito nessa crítica) porém,
ele é vulnerável como qualquer outra pessoa, porque os seres humanos são
vulneráveis cada um à sua maneira e cada um com seus problemas, mas isso não
pode ser considerado uma fraqueza, por mais que seja romântico dizer isso, tem
que ser considerado como um sinal de força.
Dessa força é que tiramos alguma coisa para levantarmos da cama todos os dias e fazermos seja lá o que for e é isso que Theo, de uma forma ou de outra, aprende em “Indemnity”, ele não precisa ser forte o tempo todo, ele só precisa ser forte o suficiente, mesmo que muitas vezes essa tarefa seja um tanto quanto ingrata.
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