Imagem: DIVULGAÇÃO |
Se o Instagram fosse um hotel, com certeza seria o Tiong
Bahru Social Club, local que dá título a obra dirigida por Bee Thiam Tan. O lugar,
não apenas é tão colorido quantos os filtros usados na rede social citada, mas
também tem o mesmo objetivo desta: promover a felicidade ininterrupta a todo custo e é
para isso que Bee, um jovem adulto, foi contratado.
Bee, assim como muitas pessoas independente da faixa de
idade, tem dúvidas sobre sua vida e é um rapaz triste, então o fato de estar na
versão física de uma rede social e principalmente dessa rede é algo efetivo
para a sátira proposta pelo diretor funcionar de maneira a gerar reflexões em
quem assiste.
Pois colocamos o nosso próprio comportamento em Bee e a partir disso pensamos na nossa relação com as pessoas. Vemos que o protagonista apenas está feliz de fato quando ele está com a mãe ou lembrando de algum momento passado com ela. Mesmo sendo uma pessoa com muitas dúvidas, Bee reconhece em como os clientes do local onde trabalha são solitários assim como ele e talvez esse seja o motivo dele ter sido contratado.
Um jovem solitário pode ser treinado e condicionado, como
Bee é pelo algoritmo e pela chefe, de forma que ele constrói uma vida ali com
base em um sistema de códigos. Uma vida falsa sim, como é percebido pelo protagonista
através de sua principal cliente, mas ainda assim uma vida, o que é melhor do
que nada.
A cor oprime o personagem principal, mesmo com essa “conquista”
de vida, como se ele, apesar disso e de reconhecer tudo o que foi conquistado
como algo bom, sempre soubesse que não é aquilo o desejado por ele lá no fundo.
A constante briga entre o que se deseja e o que se quer – mesmo quando não se
quer nada – é o que faz o filme andar para o seu clímax e a liberdade tão
almejada por Bee.
Então, quando vemos a decisão tomada pelo protagonista e o
peso que ela tem para ele, é algo que gera outra reflexão da nossa proximidade com
redes sociais e que talvez um afastamento dessas seja bom para enxergarmos outras
coisas e nem digo necessariamente outras pessoas, digo outras coisas mesmo,
como novos prazeres e novos desejos, sendo encontrados através da externalidade.
Não a toa Bee tem seus momentos de alegria, quando sozinho,
em outras atividades não relacionadas ao digital ou ao algoritmo, como a
atividade na piscina (oferecida pela companheira de trabalho), uma caminhada
nos arredores do local (proibida e não recomendada pelos seus superiores) e, claro,
seu gato, que além de ter sido, de certa forma, uma herança, é algo que lhe dá o
prazer de uma companhia.
Talvez, “Tiong Bahru Social Club” tenha justamente esse
objetivo, de mostrar como encontrar prazer em outras coisas e em si mesmo.
Claro, nem todo mundo vai querer isso e nem todo mundo vai gostar disso,
pessoas são diferentes umas das outras, mas o filme oferece uma alternativa e é
sempre bom uma opção a mais para escolher.
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