Imagem: DIVULGAÇÃO |
Há vários filmes sobre vingança e de certa maneira, o filme
mais conhecido de Vicente Amorim, “Corações Sujos”, é uma obra sobre isso e talvez seja com ainda mais força, sobre a não aceitação de um fato e das consequências
desse para a sociedade. Assim, não é com surpresa que o trabalho mais recente
do diretor seja um filme de ação.
“Yakuza Princess” relata a trajetória de Akemi, uma jovem
mulher japonesa moradora de São Paulo, cuja vontade é voltar para a terra natal.
Esse desejo é interrompido quando ela descobre estar no meio de uma história
com a Yakuza, da qual é a herdeira e toda sua família foi assassinada devido a essa
guerra. Através da relação dela com um homem que perdeu a memória e um
compatriota que vem ao Brasil para ajudá-la, ela precisa decidir sobre seu
posto dentro da máfia.
Claro, ao descobrir isso, Akemi deseja profundamente a vingança contra aqueles que mataram sua família. Amorim desenvolve esse ponto através da ação e da evolução desta dentro do filme. As lutas vão assumindo um papel cada vez mais importante dentro da obra, não apenas pela perseguição sofrida por Akemi, mas também pela descoberta do passado pela sua protagonista.
Passado violento e cheio de lutas, questionamentos e claro,
vingança, pois a relação da família de Akemi (pai e avô em sua maioria) com a máfia, era de vingança quase ininterrupta contra todos
os inimigos ou contra possíveis rivais e percebemos isso na medida que as lutas acontecem.
As lutas talvez pudessem ter sido mais bem organizadas, devido,
claro, a importância que elas carregam no desenvolvimento da ideia. Há alguns
cortes confusos em certas cenas, cujo ritmo é prejudicado devido a isso. Porém,
em compensação, a construção visual das sequencias de certa forma supre esse
ponto apontado.
Quadros coloridos, usando as cores do centro da cidade de
São Paulo, os leds, luzes das festas noturnas são utilizados como parte integrada
da ação e potencializadora do efeito desta na violência que Amorim busca passar
em cada corte de katana. Não precisamos ver o sangue o tempo todo, porque as
cores conseguem cumprir um papel interessante de recurso visual, mas sem
dúvida alguma há sangue no filme.
São nessas sequencias da cidade onde a obra tem seus melhores
momentos, a cena de ação no apartamento de Akemi (o primeiro contato entre ela e o
homem sem memória, interpretado por Jonathan Rhys Meyers) é talvez a melhor
cena do filme, justamente pelo papel de união de arcos (é nessa cena que ela
também conhece Takeshi, que veio do Japão para encontrar a jovem). A
importância dessa cena, tanto para o dado momento do filme, quanto para alguns
momentos mais tarde, é relevante a ponto de caso essa sequência não funcionasse,
o filme todo ter se perdido.
Muitos dos espectadores podem achar o filme bagunçado ou
algo assim, porém não há dúvida que ao menos ele cumpre o papel do
entretenimento, proporcionando boas cenas de ação por quase duas horas. Assim, “Yakuza
Princess” não é exatamente um filme inédito na história do cinema, mas em
tempos difíceis e que precisamos de uma distração, ele dá isso ao espectador de
forma muito eficaz.
Texto que faz parte da cobertura da edição 2021 do Festival Fantasia
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