Imagem: DIVULGAÇÃO |
O principal ponto do documentário dirigido por Thomas Robsaum
e Aslaug Holm é justamente o fato desses três homens, criadores de uma das
bandas mais bem sucedidas nos anos 80 e ainda com fãs hoje, é que o público
vê que eles gostam de suas músicas, de seu trabalho, de suas vidas, mas eles
não gostam um do outro, pelo menos não como nós espectadores esperássemos que
eles gostassem.
Especialmente se levarmos em conta o sucesso quase imediato após o lançamento de “Take on me” seu primeiro single e até hoje o mais conhecido, em 1986. Jovens, com uma grande produtora por trás (a Warner) e com um sucesso mundial em mãos, quase todos pensavam que o a-ha seria um sucesso duradouro por muito tempo.
Claro que eles foram, mas não da maneira que outras bandas da
mesma época, justamente pela relação dos três homens se basearem não na amizade,
mas sim na competitividade entre os três. Por um lado, a competição foi ótima,
pois manteve os músicos em plena atividade e em um nível cada vez mais alto, o
que se refletia nos álbuns, por outro lado, o ego gerado devido a isso é algo
que pode ter acabado com a banda aos pouquinhos.
Porque se o ego se torna maior do que a necessidade de
trabalharem juntos, é claro que o caminho a seguir por eles seria a separação,
mesmo com uma reunião aqui ou ali, eles nunca seriam unidos de fato e talvez
nunca tenham sido. Robsaum e Holm mostram em parte o que o a-ha foi e o que o
a-ha poderia ter sido caso tivessem ficado juntos por mais tempo ou ao menos
ficado juntos com menos desarmonia.
Se isso tivesse acontecido, veríamos aquele sucesso
individual em conjunto por mais tempo. É só prestarmos atenção na carreira dos
três separadamente, carreiras bem sucedidas, com turnês, trabalhos em trilhas
sonoras de filmes, bandas novas criadas com grandes músicos e mantendo a influência
nos artistas que surgiram depois.
Assim como eles tiveram a influencia de Joy Division, Doors
e outras bandas, eles também influenciaram artistas de todos os estilos
musicais, mesmo que a amizade entre o grupo nunca tenha sido um pilar. Se eles
tiveram esse poder meio que sem querer, talvez eles fossem muito maiores do que
são, caso o comportamento tivesse sido diferente.
Porém, ficaremos sempre imaginando o que poderia ter sido e
o ideal, por mais que pensar nesse ponto seja importante, é aproveitar o que
eles foram e ainda são, pois todo o trabalho e as músicas ainda estão aí para
serem apreciadas e perder muito tempo pensando no “e se” é algo meio inútil se
pararmos para pensar no que o a-ha nos deu.
Esse documentário serve para lembrar nós do que temos e para
lembrar de apreciar isso. O debate é sempre válido, mas caso façamos o que eles
três de maneira inconsciente fizeram, todo o esforço dedicado será inútil
e músicas tão boas quanto as do a-ha seriam esquecidas e isso não é nada bom, espero
que não aconteça.
Texto que faz parte da cobertura da edição 2021 do Festival de cinema de Nashville
This critic is part of Nashville Film Festieval 2021 coverage
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