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Texto que faz parte da cobertura da edição 2021 do Festival de cinema de Nashville
This critic is part of Nashville Film Festival 2021 coverage
Uma história real sobre uma familia real, esse foi o
primeiro pensamento que eu tive quando terminei de assistir a “Charm Circle”,
um documentário que é nada mais, nada menos, que a história de uma família moradora do bairro do Queens em Nova York. Pai, mãe, três filhas e uma casa que é um local
muito especial para aquelas pessoas, pois boa parte de sua história está
concentrada ali.
Nira Burstein, diretora e uma das filhas, ao trazer a
história de sua família para seu documentário, faz algo que é bem difícil para a
maioria das pessoas: encarar o passado dela de frente e ver os motivos que
fazem o presente ser desse jeito, principalmente no que diz respeito aos pais e expor isso para o mundo.
A casa em si é uma metáfora da vida do casal e do que esta se tornou. Em um dos primeiros diálogos de Nira com os pais, a diretora pergunta o motivo dos dois não arrumarem a casa, o que ela consegue de resposta naquele momento é algo vago, como se estivessem fugindo da pergunta, logo depois, vemos a resposta através das várias coisas que aconteceram com aquelas pessoas em um relativo curto espaço de tempo.
Extremamente bagunçada, a casa foi um espaço bonito como
vemos pelas fotos e imagens antigas que a diretora mostra para seu público no
filme. Aquela casa representou esperança para seus pais, sentimento esse que
foi perdido com o tempo, mesmo que o amor entre o casal nunca tenha morrido.
Claro que o fim faz parte de tudo na vida, inclusive de
relações que pensávamos serem infinitas. Imagino que tenha sido difícil para a
diretora ver como a separação foi algo tão próximo a seus pais por um motivo
bobo para alguns, sério para outros, da mesma maneira que imagino ter sido difícil
ter que lidar com o seu afastamento daquelas pessoas.
De maneira inconsciente, mas correta, Nira e uma de
suas irmãs se afastaram de seus pais por uma série de motivos, mas principalmente
pela necessidade de ter o próprio espaço. Dentro dessa atitude, uma se afastou
da outra, mesmo sem querer que isso acontecesse. Felizmente, a vida promove
reencontros por mais que elas não tenham se afastado completamente.
A vida é essa série de encontros e desencontros entre
pessoas que se amam incondicionalmente mas que não sabem como demonstrar isso.
O charme de “Charm Circle” está em mostrar justamente isso, todas essas pessoas
que sentem afeto umas pelas outras, conhecidos e ainda desconhecidos, que não
sabem como demonstrar qualquer sentimento pelo próximo.
Felizmente a vida ensina e promove chances para que o amor
seja demonstrado entre pessoas que se amam. Os pais de Nira, ela e suas irmãs,
todos eles e aquela casa, eles receberam diversas segundas chances, as quais
eles aproveitaram algumas e outras não, mas isso é o natural na trajetória das
pessoas, erros e acertos constantes.
Esse filme é uma segunda chance, que Nira Burstein decidiu
estender para seus pais e a casa que morou na infância. “Charm Circle”, como eu
disse antes, é um filme real sobre uma família real e devido a isso, é muito
bonito.
Texto que faz parte da cobertura da edição 2021 do Festival de cinema de Nashville
This critic is part of Nashville Film Festival 2021 coverage
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