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This critic is part of Glasgow Film Festival 2022 coverage
Há muitos filmes que assistimos os quais pensamos não ter
nenhum tipo de importância. Não se faz isso de forma proposital, é algo na
maioria das vezes inconsciente. Porém, todo filme, todo trabalho audiovisual
tem sua importância e parte do papel das pessoas, dos críticos, de
trabalhadores do cinema, é manter essa obra viva.
Ji-Wan é uma diretora com três filmes no currículo e a
protagonista de “Hommage”, filme dirigido por Shin Su-won. Após ver seu
terceiro filme não render da forma que gostaria, Ji-Wan aceita um trabalho de restauração
de um filme dirigido por uma mulher, que se encontra perdido. A protagonista passa
a procurá-lo para conseguir completar seu trabalho e vê, na diretora, as mesmas
dificuldades as quais ela passa.
Tanto uma, quanto a outra, não tiveram ninguém para escutá-las quando elas precisaram disso, principalmente em relação a sua vida pessoal. Ji-Wan enfrenta mais obstáculos em casa (filho e marido que a tratam como empregada) do que na carreira, que também não é fácil. Ela não tem paz em nenhum dos campos na vida.
Menos quando ela está no cinema e vemos como ela se torna outra pessoa, numa mulher que tem esperança, que faz aquilo por amor, mesmo
levando o lado financeiro muito a sério, que se sacrifica demais por uma coisa
que não a rende muito mais do que uma série de dores de cabeça e problemas, mas
ainda assim, ela está ali.
Ela não consegue abandonar a profissão porque ela ama aquilo
e talvez o único respiro que Ji-Wan tenha conseguido dentro dos vários
problemas, seja a amizade com a produtora de seu terceiro longa e com a editora
do filme que está restaurando, elas se entendem não por que apenas sentem as
mesmas coisas em níveis diferentes, mas principalmente por estarem dispostas a se
ouvirem e a de fato se importarem com elas.
Se tem algo que “Hommage” faz bem é mostrar como é
importante ouvir as pessoas que você gosta e se tem algo que esse filme deixa
de ensinamento, é que nós, como pessoas que assistem filmes e/ou trabalhamos
com eles, deixamos essas obras vivas sempre que as consumimos, produzimos sobre
e indicamos elas para alguém. Mesmo fazendo isso de maneira inconsciente, ainda
assim é uma homenagem e um mantenimento necessário da arte para o futuro.
Texto que faz parte da cobertura da edição 2022 do Festival de cinema de Glasgow
This critic is part of Glasgow Film Festival 2022 coverage
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