Imagem: DIVULGAÇÃO / Warner |
“Vai chegar um momento em que você terá que escolher entre
aquilo que é certo e aquilo que é fácil”. Essa frase é dita por Alvo Dumbledore
no final de Harry Potter e o Cálice de fogo e significa muito para o
protagonista nos filmes a seguir, fazendo-o seguir seu caminho sempre com essa
dúvida.
Essa frase também é dita por um jovem Dumbledore em “Animais
Fantásticos: Os segredos de Dumbledore”, dessa vez para um personagem não tão
importante. Sendo assim, o diretor David Yates (que dirigiu alguns dos filmes
da saga principal) não apenas conhece a citação como a desobedece: ele, em sua
direção, escolheu o que era fácil.
Continuamos acompanhando Newt Scamander (Eddie Redmayne), dessa vez acompanhado por seu irmão mais velho, seu amigo trouxa (entenda como o termo bruxo para indicar pessoas não mágicas ou não) e o próprio Dumbledore (Jude Law), na luta contra Grindelwald (Mads Mikkelsen), que dessa vez quer assumir o ministério da magia além de se livrar de seu maior inimigo.
Yates escolhe a fórmula de blockbuster que todos nós já
conhecemos, contando com os clichês e até com uma certa reatividade, há certas
falas que claramente servem como “resposta” (entre aspas porque ela ainda ganha
dinheiro com isso) as declarações erradas (para dizer o mínimo) da autora do
universo Harry Potter, como os diálogos sobre tolerância, aprender com os erros
e paciência.
A simplicidade dos caminhos do filme o leva para soluções
fáceis, é muito mais fácil contar a história via flashbacks do que deixar o
público deduzir, é muito mais fácil fazer piadas em uma cena inútil do que
eliminar essa cena, da mesma maneira que é muito mais fácil dar vazão a ideias
e não as desenvolver, em prol de soluções previsíveis.
Dentro desse caminho, temos um elenco bom e que mantém o
filme vivo o máximo possível, os maneirismos de Eddie Redmayne são irrelevantes
se pensarmos nos maneirismos da história, Jude Law constrói Dumbledore como o
manipulador que é e Mikkelsen é uma boa adição (e substituição) ao elenco,
tentando fazer milagre com um vilão sem graça, que nada mais é do que um
Voldemort com cabelo.
Temos uma massa de filme que nunca se torna um filme de
fato, é apenas algo sem vida, cujo poder principal da obra (que seria seguir a
ideia de lutar por aquilo que se ama) é algo jogado fora, mesmo que os
personagens constantemente alimentem o desejo de amar em vários momentos e
tenham dúvidas frequentes sobre o que fazer durante a sua trajetória em meio a
luta.
Yates parece não querer desenvolver nada, o que deixa claro
como esta franquia spinoff se tornou algo apoiado no vínculo afetivo que os fãs
da saga principal têm. O diretor se apoia a isso através do uso da mesma trilha
sonora, do mesmo estilo de piadas e cenas de ação e em pequenas aparições, como
a da Sala Precisa (falas bobas do tipo “Que sala é essa?” “É a sala que
precisamos”), tão importante para Harry a partir do filme 5.
Ao se apoiar na nostalgia, Yates não cria e ao escolher não criar, ele escolhe o fácil, como se tudo isso fosse um passatempo e talvez para ele até seja, não o conheço. Por não criar e escolher o fácil, “Animais Fantásticos” como franquia vai do nada ao lugar nenhum em 2h20 de média por filme, carregado por um elenco inegavelmente bom, mas insuficiente para salvar a preguiça que vemos durante esse tempo.
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