4/14/2022 12:00:00 AM

SIFF 2022: Wildhood

Wildhood
Imagem: DIVULGAÇÃO

Texto que faz parte da cobertura da edição 2022 do Festival de cinema de Seattle

This critic is part of SIFF 2022 coverage

Logo no início de “Wildhood” somos inseridos em um universo de violência. Conhecemos Lincoln e seu irmão Travis, quando os dois são pegos pela polícia e presos após tentarem roubar algo, apanham dos policiais e assim que chegam a delegacia e seu pai vai busca-los, apanham do pai também.

Pensamos no que virá a seguir no filme dirigido por Bretten Hannam e esperamos que seja algo também violento e provavelmente situações de dor vividas por esses dois irmãos, principalmente se pensarmos que Lincoln tem origem indígena. Mas acompanhamos a trajetória desse quando ele descobre que sua mãe está viva e decide procurá-la, após o pai dizer por anos que ela havia morrido.

Então, o que poderia ser algo extremamente violento, se transforma em um retrato sensível de autodescoberta, uma jornada pelo Canadá em busca não apenas de sua mãe, mas em busca de si mesmo e de saber quem é e isso é potencializado após Lincoln encontrar em Pasmay, um jovem viajante que decide acompanhar os irmãos na viagem, um possível amor dentro de sua caminhada.

No mundo aberto e bonito que Lincoln encontra, tanto em si mesmo, quanto nas pessoas ao seu redor e na própria paisagem, vemos um leque infinito de possibilidades para ele, assim como vimos, em algum momento de nossas vidas, essas possibilidades se abrindo para nós, seja internamente ou nas pessoas que cruzam nosso caminho.

Facilmente temos empatia pelo protagonista justamente devido a essas possibilidades e por pensarmos no que seriamos caso tivéssemos feito algo diferente ou não tivéssemos feito algo, ou tivéssemos ido para um outro caminho que nem imaginamos qual seria. Dentro da solidão de Lincoln há possibilidades e escolhas que também se apresentaram para nós.

Ele tinha muito bem definido aonde queria ir, por mais que achasse que não tinha e ainda teve a sorte de descobrir novas coisas durante esse caminho e nem todos temos essa sorte, até porque, ele foi levado a coisas boas, a pessoas boas, a lugares que nunca conheceria e nem imaginava que existia.

A vida é como se fosse a dança que Pasmay ensina a Lincoln em certo momento do filme. Sempre dando um passo e tentando equilibrar o corpo, para quase cair e se apoiar no outro passo, dado com a outra perna. Pisamos em ovos o tempo todo, inevitavelmente, muitas vezes caímos e os quebramos, quase sempre nos reerguemos e recuperamos o equilíbrio.

Se as vezes nos é oferecido violência, as vezes também nos é oferecido amor. Para Lincoln, foi oferecido ambas as coisas e a chance de descobrir sua origem. Descobertas podem ser doces e trazer equilíbrio, efêmero, sim, mas ainda assim um chão, uma base e como a vida não tem base nenhuma, é bonito ver alguém encontrando parte da sua.

Texto que faz parte da cobertura da edição 2022 do Festival de cinema de Seattle

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