Imagem: DIVULGAÇÃO |
Texto que faz parte da cobertura da edição 2022 do Festival Fantasia
This critic is part of Fantasia Festival 2022 coverage
Dirigido por Im Sang-Soo, o filme é bem simples em sua premissa, mas traz várias complexidades sobre capitalismo durante suas 1h40 de duração. Nam-Sil e o prisioneiro 203 (Choi Min-Sik) estão em fuga pela Coreia do Sul. 203 descobriu que tem duas semanas de vida devido a um câncer e Nam-Sil é um faxineiro de hospitais que rouba um remédio que precisa tomar diariamente, pois esse remédio é caríssimo. Após 203 fugir do hospital onde Nam-Sil trabalha, eles se juntam para conseguir escapar da polícia com uma alta quantia que acharam dentro de um carro roubado para a fuga.
Esse dinheiro é o que move o filme, tanto pela motivação dos protagonistas para tentarem escapar, quanto para os donos desse dinheiro de os perseguirem a todo custo. Assim como tudo na vida, é a moeda que move a sociedade e a maior motivação de todas as pessoas para fazerem o que fazem.
Claro que não é a única motivação e nem a principal delas, Nam-Sik apenas rouba remédios porque ele quer viver e não consegue comprá-los com seu salário, 203 quer ver sua filha nem que seja a última coisa que faça e se para isso eles precisam se juntar em uma jornada insana de fuga pelo país, tudo bem.
A relação deles se baseia nesses desejos pessoais citados acima e a busca pelo céu pessoal de cada um ganha do capitalismo que o filme trabalha. Sang-Soo constrói seu road movie através do conflito capitalismo x sonhos, onde vemos ser impossível sair algum vencedor disso e é impossível para os personagens conseguirem escapar.
Pois os sonhos deles estão ligados a liberdade e esta é impossível para eles, não apenas devido aos crimes cometidos, mas também devido ao estado de saúde de ambos. Uma das coisas necessárias para ser livre é ter saúde e nenhum dos dois personagens tem isso, logo, eles sempre dependerão de algo externo relacionado ao bem-estar para conseguirem sobreviver.
Devido à ausência de dinheiro, eles nunca conseguirão o remédio ou o tratamento que precisam, então eles aproveitam o agora, pois não terão o depois. O céu deles, a terra da felicidade do título, não é um destino, mas sim o momento atual de suas vidas, mesmo em constante fuga, ao menos eles conseguiram ter um ao outro dentro dessa jornada.
E se “Heaven: to the land of happiness” mostra algo além de uma denúncia (provavelmente inconsciente) ao sistema atual, é que apenas temos um ao outro e os momentos com essas pessoas e que a vida é uma efêmera jornada de fuga de si mesmo usando o outro como ferramenta.
Texto que faz parte da cobertura da edição 2022 do Festival Fantasia
This critic is part of Fantasia Festival 2022 coverage
Nenhum comentário:
Postar um comentário