7/24/2022 12:00:00 AM

Fantasia Festival: Punta Sinistra

Imagem: DIVULGAÇÃO

Texto que faz parte da cobertura da edição 2022 do Festival Fantasia

This critic is part of Fantasia Festival 2022 coverage

Em dado momento de “Punta Sinistra”, provavelmente o público vai ter entendido tudo e já saberá toda a ideia de sua história e como o filme irá acabar. Porém, isso não é ruim, a intenção do diretor Renaud Gauthier é exatamente essa, ele não quer esconder sua história em benefício de uma surpresa no final a obra.

Acompanhamos um escritor que viaja a América Latina para descobrir a história da queda de um avião nos anos 90. Nunca foram achados corpos, nem pedaços do avião e nem a carga dele (drogas e dinheiro do tráfico) e nenhum dos habitantes parece interessado em procurar alguma dessas coisas.

 
O mais atraente em "Punta Sinistra" é a estrutura de filme de final de domingo, aquela coisa meio sábado de madrugada ou domingo a noite, onde não há nada passando na televisão e você simplesmente deixa em um canal qualquer apenas para não se sentir de todo sozinho durante uma noite de insônia.

Tudo é meio brega, desde as roupas do elenco, até a história em si, que é bem batida, mas ainda assim é bem contada e entretém o público. Ajuda o fato de tudo isso ser intencional e ser feito apenas para entreter mesmo, nada de muito complexo ou que tente ser mais do que é, como muitos filmes tentam fazer. Não há a intenção do diretor de ser genial ou tentar reinventar a roda, ele quer apenas fazer o filme dele e voltar para casa.

Devido a esse ar despretensioso, muitas vezes até nos esquecemos da história principal da obra, além de adicionar camadas a esse filme de fim de noite, é importante para vermos os motivos de nenhum dos moradores daquela cidade estarem interessados em saber o que aconteceu com o avião. Todo mundo seguiu em frente e parecem estar bem com isso, ocupados com outros problemas, outras pessoas, outras brigas por dinheiro.

Por isso o filme de Renaud Gauthier funciona, não é porque tudo é bem-feito, é porque ele não tenta ser mais do que é. Vivemos em uma época em que boa parte dos filmes quer ser grandioso, catártico ou o adjetivo de sua preferência e faz falta filmes que não querem ser isso, eles apenas desejam entreter o público quando ele está com tédio. Trabalhos assim deveriam ser mais valorizados por nós, espectadores.

Texto que faz parte da cobertura da edição 2022 do Festival Fantasia

This critic is part of Fantasia Festival 2022 coverage

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