8/02/2022 07:21:00 PM

Crítica: O Palestrante

O Palestrante
Imagem: DIVULGAÇÃO / Downtown Filmes

Há um episódio da série Seinfeld, onde após encontrar Jerry no aeroporto, George descobre que está com o carro quebrado. Então, eles fingem ser uma pessoa chamada O’Brien, que estava sendo aguardada por uma limosine, entram no carro e vão embora, fingindo serem outras pessoas.

É como se “O palestrante” fosse um episódio de Seinfeld (e de The Office) só que com duas horas de duração, o que não é ruim, muito pelo contrário. Dirigido por Marcelo Antunez e roteirizado por Fábio Porchat, este interpreta Guilherme, um homem triste, corno, com tendencias a calvície, demitido e que precisa ir ao Rio como última tarefa no trabalho. Chegando lá, ele decide fingir que é outra pessoa e se torna um palestrante, contratado por Denise (Dani Calabresa) e acompanhamos sua jornada para esconder a mentira.

Assim como no episódio de Seinfeld que foi citado, o filme se torna uma sequência de coisas inusitadas e insanas para manter a história de fingimento. Se no episódio, Jerry e George decidem ir buscar Elaine e Kramer, fazendo de tudo para conseguirem continuar a mentira, aqui Guilherme faz de tudo para continuar na narrativa porque sente vontade de viver algo que nunca viveu, de voltar a ter adrenalina na vida.

Ele encontra isso em Denise, mas também no relacionamento com os outros personagens e algo que o filme faz bem, é fazer com que os personagens, mesmo os não protagonistas, tenham o seu momento e destaque na história. É aí que entram Josué (Antonio Tabet) e Sandoval (Otávio Muller) que roubam todas as cenas que aparecem, Mari (Miá Mello) e George (Paulo Vieira), que não perdem o timing em nenhum momento, assim como Marcia (Maria Clara Gueiros) e Flávio (Rodrigo Pandolfo), que desses citados são os que talvez apareçam menos, mas tem importância igual para a obra.

Ao unir as piadas dos personagens secundários, com a história principal de Guilherme e Denise, “O Palestrante”, assim como o episódio de Seinfeld, nunca perde o folego e mantém a atenção do público em todos os momentos, deixando-o curioso para saber o que vem em seguida, por mais que todos nós tenhamos certeza do que virá.

E mesmo essa previsibilidade não consegue tornar o filme chato, devido as piadas (“CORPUS CHRISTI CARALHO” "É carpe diem, Josué") e como o drama e a comédia são bem equilibrados, não há perda de timing ou piadas mal colocadas, há a qualidade esperada na comédia devido ao elenco e talvez se o elenco fosse outro e essas pessoas não se conhecessem tão bem, o filme não funcionasse da forma que funciona.

“O Palestrante” não tenta ser mais do que é, não tenta reinventar a roda ou fazer comédia de uma forma nunca vista, ele tenta e consegue entreter o público com boas piadas e uma história cativante. Pensando nos momentos que vivemos nesses últimos anos, é bom que filmes assim sejam feitos, as vezes tudo o que precisamos é dar uma risada.  

*O episódio de Seinfeld citado é o ep 19 da temporada 3, ele se chama "The Limo".

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