8/04/2022 12:00:00 AM

Fantasia Festival: Frágil

Imagem: DIVULGAÇÃO

Texto que faz parte da cobertura da edição 2022 do Festival Fantasia

This critic is part of Fantasia Festival 2022 coverage

Acho que todo mundo chega na fase da vida que sente saudade de sair com amigos sem hora nenhuma para acabar. Com certeza o grupo que o diretor Pedro Henrique conta a história em “Frágil” ainda não sente isso, mas eles já sentem a futura separação daquele grupo, ou ao menos de integrantes daquele grupo.

Pelo menos esse é o sentimento de Miguel, que sempre fica buscando o local para a noite perfeita e aparenta encontrá-lo num lugar chamado “CLUB”, porém, a dificuldade que ele e os amigos acham é entrar nesse lugar e aproveitar a noite, o que os leva a mudar de ideia constantemente.

 
O filme trabalha essas mudanças muito bem, nunca temos algo constante, uma sequência ou uma repetição de acontecimentos, a única certeza dada ao público é a incerteza do que está por vir, ficamos acostumados com as aventuras vividas e as drogas usadas pelo grupo de amigos.

Essa constante repetição leva o espectador a nunca se apegar ao grupo, o que poderia ser algo ruim, mas não é, principalmente se pensarmos que tudo na vida muda, inclusive as nossas amizades e relacionamentos. Se nos apegássemos ao grupo, se soubéssemos de sua história fora que eles gostam de sair e viver, provavelmente ficaríamos igual Miguel em dado momento do filme e a ideia não é essa.

A ideia é que nós pensemos em um período da vida que as únicas coisas que ficaram foram as memórias e a saudade desse tempo. Claro, com certeza Miguel sairá sem hora para voltar em outros momentos da vida, mas não será da mesma forma, será, provavelmente, mais tranquilo, mais sóbrio, bom ainda assim, mas sem grandes aventuras ou algo do tipo.

Se por um lado isso é bom, pois mostra que você viveu muita coisa e não precisa mais se forçar a tentar viver, por outro lado, a saudade do tempo passado machuca e se você não souber lidar com isso, vai ficar triste tentando reviver situações que não voltam nunca mais e assim o tempo vai passar e o período atual de sua trajetória (que pode ser muito bom ou muito ruim) não será vivido como deve (ou como não deve) ser vivido.

Ao menos ficam as lembranças, é um típico caso de seguir em frente sem esquecer, para criar um aprendizado e aproveitar o que vem (caso venha) pela frente. “Frágil” mostra como tudo em uma aventura e tudo em relacionamentos é de fato o que o título diz, frágil, que nunca ficará forte do jeito que queremos e tudo bem em ser assim.

Texto que faz parte da cobertura da edição 2022 do Festival Fantasia

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