8/03/2022 12:00:00 AM

Fantasia Festival: The Killer

Imagem: DIVULGAÇÃO

Texto que faz parte da cobertura da edição 2022 do Festival Fantasia

This critic is part of Fantasia Festival 2022 coverage

O título “The Killer” é no mínimo ruim para o protagonista Ui-gang. Isso porque ele não é apenas um assassino, ele é uma figura muito interessante que viveu da profissão do título e decidiu se aposentar. Porém, claro, o título é ótimo para o público, pois o atrai para o filme dirigido por Choi Jae-Hoon.

Ui-gang é obrigado pela esposa a hospedar e vigiar a filha adolescente de uma amiga dela, quando as duas vão passar três semanas fora da cidade, de férias. Logo no primeiro dia, ele descobre que a menina está sendo forçada a entrar na prostituição e decide tirá-la deste ramo, usando suas habilidades de assassino.

 
Como alguém que começou a gostar de assistir filmes vendo filmes de ação, é muito bom ver como “The Killer” não esconde que é uma obra desse gênero, é extremamente violento, inventivo em suas sequencias, que vemos sem nenhum problema devido ao não exagero nos cortes e por uma história direta, sem rodeios, estruturalmente simples.

Porém, o maior atrativo do filme é Ui-gang, um homem que volta a usar seu talento não porque ele gosta da menina que está tentando salvar, mas sim devido ao amor que sente pela esposa, que o obrigou a cuidar da menina, sim, mas ele faria isso de qualquer forma, porque ama a sua companheira.

Não a toa, vemos o comportamento dele mudando durante as 1h35 de filme, mesmo durante a ação, onde, se na primeira sequencia (quando o público descobre que ele era um assassino), o vemos mais displicente, menos cuidadoso consigo mesmo, no decorrer do filme, vemos ele tomando mais cuidado para não se machucar, pois ele não quer que a esposa o veja ferido.

Claro que ele passa a sentir carinho pela menina que está tentando salvar, o comportamento dele em relação a ela, vai de frio a levemente afetuoso com o passar do tempo. Não é nada demais, mas faz diferença vermos essas mudanças no personagem justamente para aumentar o efeito da ação no espectador.

Somos levados a torcer por ele, para ele conseguir cumprir seu objetivo dentro daquela jornada de violência. Isso só é possível se vemos um personagem que, assim como a gente, muda com o passar do tempo e reconhece seus próprios erros e acertos em busca de se tornar alguém melhor. Esse tipo de coisa contribui para que a ação funcione e insira o público dentro do filme.

Assim, “The Killer” não é apenas um simples filme de ação, ele é preocupado em fazer com que o público se entretenha, sinta algo enquanto assiste a obra e tudo contribui para isso, desde a extrema violência de suas bem elaboradas sequencias de ação, até a mudança gradual de um personagem que parece inacessível, mas tem muitas similaridades com o espectador.

Texto que faz parte da cobertura da edição 2022 do Festival Fantasia

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