![]() |
Imagem: DIVULGAÇÃO |
1 – A primeira vez que eu assisti E.T eu era pequeno. Não lembro quantos anos tinha, mas lembro de como foi aquele dia. Tava sol e como eu odeio dias de sol, eu costumo lembrar dos dias bons que eu tive e que eram de sol, o filme tava em casa, alugado de uma locadora (que claro, hoje em dia não existe mais, o local hoje é uma lanchonete) e era um DVD (na época, estava naquela transferência entre K7 e DVD). Minha mãe estava em casa, passando roupa, enquanto via o filme na sala. Eu estava envolvido, mas o filme estava travando muito, minha mãe falava para eu parar de assistir, porque de fato travava muito, mas eu queria terminar, estava preso demais, envolvido demais. Terminei. Foi ótimo, não à toa lembro até hoje.
2 – Em compensação, a primeira vez que minha mãe assistiu
E.T, não foi menos difícil. Ela foi ver com um dos irmãos mais velhos, que
infelizmente não está mais aqui. Sessão legendada e até hoje minha mãe prefere
filmes dublados, porque para ela as legendas são muito rápidas. Ela e meu tio
(que adorava cinema), ficaram na sessão mesmo assim e até hoje ela lembra do
quanto gostou do filme, não apenas porque o filme é bom, mas sim, porque é uma
das memórias mais especiais dela com o irmão que tanto ama (no presente mesmo).
3 – Na sessão para a imprensa da restauração de E.T,
podíamos levar acompanhantes, inclusive crianças. Um pai levou a filha pequena,
uns 5, 6 anos. Ele estava animado, mas teve que ir embora, devido a sessão ser
legendada. Pena.
4 – Spielberg sabe fazer bons filmes e sempre os fez durante
sua longa carreira, E.T, Tubarão, Amor, sublime amor. Exemplos de como fazer
blockbusters que ficam em nós.
5 – Mas, quando Spielberg é ruim, ele é ruim de verdade, com
força. Basta ver Lincoln.
6 – Duvido que Spielberg e Melissa Mathison (roteirista de
E.T), tenham feito de maneira consciente a família de Elliott sentir mais medo
do governo dos Estados Unidos e os que eles fariam com o E.T, do que do E.T
propriamente dito, mas isso diz muito sobre como governos, dependendo de quem
os administra, podem causar medo nas pessoas.
7 – Da mesma forma, eu duvido que Spielberg e Mathison
tenham sequer imaginado como a cena da escola e de Elliott soltando os sapos,
os salvando da morte e colocando a sala dele em pleno caos, podia ser uma
mensagem sobre revolução e mudança de controle dos meios. Mas isso aqui pode
ser eu ainda em clima de eleição e de esperança, enxergando coisa onde não tem,
como eu faço com frequência.
8 – A perseguição de bicicletas perto do final, quando
Elliott, seu irmão mais velho (um menino amoroso demais, inclusive), é curiosa
por uma série de motivos, mas reparei em algo interessante dessa vez,
claramente, quando a câmera enquadra os meninos de lado, os amigos de Michael e
o próprio de moletons claros e Elliott de moletom vermelho, vemos como
Spielberg nem se preocupou em disfarçar o duble de Elliott, claramente um homem
adulto, mas o envolvimento do público nessa cena está tão alto, que isso pouco
importa, só é algo que bobos como eu reparam.
9 – Um dos médicos que analisam o E.T parece muito o
Coppola. Fiquei pensando se era ele mesmo.
10 – Tensão absoluta. Confesso que após a cena da escola,
senti um pouco de sono. Mas a partir da cena em que a NASA chega à casa de
Elliott (após a cena do halloween), meu coração estava acelerado, eu estava
apreensivo, tenso, arrepiado, mal conseguia respirar direito. É muito sofrido a
sequência que leva aquele final lindo, um menino descobrindo a separação ao
mesmo tempo que percebe que a família dele sempre estará lá. A tensão de
Elliott, foi a minha tensão.
11 – “Eu estarei sempre aqui”, diz E.T para Elliott em sua última
conversa. Assim como meu tio sempre estará com minha mãe e meus pais sempre
estarão comigo. A separação de quem a gente ama é inexistente. Sempre teremos
algo deles em nós graças as memórias boas e ruins.
12 – Queria voltar a aquele dia de sol com aquele DVD de E.T
travando. Acho que minha mãe também queria voltar ao cinema com meu tio naquela
sessão legendada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário