Filmes dirigidos por Chan-Wook Park são fieis visualmente ao
que todos nos vemos, no aspecto de dialogo, e são viscerais no aspecto físico,
independente da historia, o público sabe que verá algo plausível, algo violento
que pode acontecer e alguma frase forte que pode ser dita por qualquer um de
nós.
“The Handmaiden” é justamente isso, contando uma história
simples de entender, mas de uma forma que Eisenstein provavelmente ficaria
orgulhoso, a obra trata de Sook-Hee vivida por Tae-Ri Kim que é contratada para
ser criada de Hideko, Kim Min-Hee, porém, a moça tem uma tarefa que fazer
Hideko, dona de uma grande fortuna se apaixonar pelo Conde Fujiwara,
interpretado por Há Jung-Woo, que tem a intenção de colocar a moça em um
manicômio após se casar com ela e ter o dinheiro em suas mãos.
A história é muito bem contada, desde seus enquadramentos
que mostram como cada personagem se sente, Sook-Hee é mostrada em planos mais
fechados, ou em cômodos mais fechados, expondo como a personagem se sente pequena
e sem autoconfiança, enquanto Hideko já aparece em planos mais abertos, com
penteados que mudam a cada cena e com um tom de voz suave, porém seguro.
Hideko usa cores vivas em suas roupas, mostrando como ela
não se sente oprimida pelo tio autoritário com o qual ela mora, e enquanto
Sook-Hee usa sempre os mesmos tons, azul escuro, que é a cor da roupa usada
pela moça em seu trabalho, e usa também o branco e o preto, tons sóbrios, que
vão mudando no decorrer da projeção assim como a personagem.
O uso de vários cortes e da montagem ajuda a historia a
fluir muito bem, de forma que em nenhum momento de suas duas horas e meia o filme se arraste, vários
pontos de vista são mostrados com a ajuda da montagem, desde um personagem
secundário, ate o das personagens principais citadas acima, com os cortes bem
feitos e diálogos bem organizados fica fácil de entender o filme nos seus
momentos mais agudos, além de facilitar o entendimento, é muito bom ver um
filme tão bonito esteticamente também ser bonito tecnicamente.
Assim, “The Handmaiden” se torna um dos grandes filmes de
2016, e é uma pena que por conta da posição politica de seu diretor e elenco, a
obra não tenha sido selecionada para representar o pais no Oscar de melhor
filme estrangeiro. Essa situação, que também aconteceu com Aquarius, torna o
filme ainda maior, pois pessoas que trabalham e que tem coragem de manter uma
posição, de uma forma ou de outra tem sucesso. Com certeza esse filme se
encaixa nisso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário