“Tudo em exagero estraga” já diz minha mãe, levando em conta
essa frase, até a filosofia e o isolamento da sociedade estragam, o que vai
contra o filosofo Jean Jacques Rousseau que disse “O Homem é bom, a sociedade o
corrompe”.
Porém, o isolamento, a filosofia e a vida o mais próximo da
natureza possível é o que Bem, vivido por Viggo Mortensen, ensina a seus seis
filhos nesse “Capitão Fantástico”. Dirigido por Matt Ross, o filme conta a
historia de Ben, que cria seus filhos em meio a floresta o que remete a
República de Platão, ensinando para eles por conta própria as matérias de
filosofia, literatura, historia e biologia, fazendo-os praticar esporte, tudo
isso, no meio de uma terra que o homem adquiriu com sua mulher, quando de maneira
abrupta, ele e sua família são obrigados a voltar a viver em sociedade.
O filme consegue ilustrar muito bem como é necessário
estudar e ter senso critico em relação a sociedade, e faz isso não apenas com atuações de um
elenco altamente competente, mas também usa as cores, é interessante ver como
quando toda a família está na floresta, ou, o mais longe possível da sociedade,
as cores dos figurinos utilizados por eles são fortes, e quando estão se
relacionando com alguém na cidade, as roupas mudam para tons escuros e monocromáticos.
A montagem do filme também merece atenção, pois, consegue
unir várias correntes filosóficas, como Platão e Rousseau citados acima, de
forma orgânica em todas as suas cenas, utilizando de cortes rápidos e secos, de
forma a focar os personagens, sem, porém, deixar de dar a atenção necessária a
cada local onde as cenas se passam, portanto, vemos belos diálogos, em locais
amplos em sua maioria, que foram muito bem explorados e ainda em cenas bem
editadas e encaixadas no contexto do filme.
É muito bom um filme como “Capitão Fantástico” ter sido
lançado neste ano de 2016, pois, vivemos em uma época de alta interação
tecnológica, onde informações são difundidas a rodo por uma mídia tendenciosa,
e ainda, neste ano a propagação do ódio a pessoas que pensam diferentes de nós
foi elevada a um grau que é bizarro, logo, uma obra como esta, faz a gente
perceber que estamos fazendo algo na vida em sociedade, não respeitamos mais os
outros, não debatemos mais questões de alta relevância, e principalmente, não
aprendemos e não nos surpreendemos mais.
Levando em conta a ideologia de Ben e o fato de não
aprendemos e nem nos sentimos surpresos, e ainda o fato de que o personagem é
um homem mais velho e ainda mais suscetível a não mais aprender, ele ter
reconhecido seus erros vai totalmente de acordo com as suas ideias e
pensamentos, e torna “Capitão Fantástico” um filme lindo de assistir.
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