Na indústria atual, vemos cada vez mais remakes e prequels
de histórias já consagradas, do que novas criações e histórias. É claro que é
um tanto mais fácil, em qualquer área, trabalhar já com uma base, mas, um
exagero está ocorrendo na forma como os filmes estão deixando de ser novos,
para serem recriações. Isso é cada vez mais comum no cinema chamado
“comercial”.
Logo, quando a versão live action de “A Bela e a Fera” foi
lançada, eu fiquei ao mesmo tempo feliz, pois gosto da história e sempre quis
ver como iria funcionar com pessoas de carne e osso, e triste, porque, mais uma
vez, algo novo deixou de ser criado para dar atenção e espaço a algo já
conhecido e consolidado.
Felizmente, “A Bela e a Fera”, dirigido por Bill Condon, é
uma obra que funciona, mesmo sem ter uma novidade. O filme é baseado não no
conto, e sim no desenho, lançado em 1991, e que foi a primeira animação a
concorrer ao Oscar de Melhor Filme.
Então, a necessidade de uma breve sinopse se faz nula, Bela,
interpretada por Emma Watson, para salvar o pai, fica presa no castelo da Fera,
onde encontra os objetos da mobília vivos, utensílios já conhecidos pelo
público, o bule, a xicara, o candelabro, o relógio, o armário e vários outros.
A projeção funciona justamente por usar a tecnologia como
linguagem. Temos uma experiência completamente visual, uma fotografia que fala,
as cores mudam de acordo com o ambiente onde a cena se passa, se no inicio, o castelo
habitado pela Fera é frio, gelado, mesmo quando de dia, com o passar do tempo,
com a presença cada vez maior da Bela naquele lugar, tudo vai ficando mais claro,
mais quente, demonstrando, como o amor, que é um dos personagens, modifica a
historia.
Isso também acontece com o som, cada espaço tem um som
diferente, sons que entre os primeiros 40 minutos e 1 hora, são diegéticos, frios, burocráticos,
cada vez que o filme vai avançando, e o sentimento entre os personagens
principais cresce de forma gradual, o som vai ficando mais alto, feliz e
comunicativo.
E, comunicativo (e representativo, vemos diferentes pessoas,
de diferentes etnias em vários papeis) também é esse competente elenco, Emma
Watson consegue ser convincente como Bela, fazendo da personagem uma moça
feliz, assim como a idealizada na animação, Dan Stevens (Fera), consegue passar
sentimento, empatia e expressão, mesmo por trás de todo trabalho de efeitos
especiais. Destaco também os objetos da casa, principalmente, Lumiere, interpretado
brilhantemente por Ewan McGregor, que fez um trabalho ótimo na caracterização
da voz, e Cogsworth, representado por Ian McKellen, que assim como seu
companheiro, consegue trazer expressão e convencimento apenas pela voz.
Logo, “A Bela e a Fera”, quebra a sequencia de remakes ruins
lançados nos últimos dois anos, e traz de volta a vida, um conto clássico da
Disney.
Nenhum comentário:
Postar um comentário