7/03/2017 05:00:00 PM

Crítica: Okja - Uma discussão perspicaz ao mercado

Okja

Às vezes, há filmes no cinema que quando são lançados causam polemica não pelo conteúdo da obra, mas pela forma como foi lançada. E esse é o caso de “Okja”, de Bong Joon-Ho, que ao ser exibido em competição no Festival de Cannes, causou alvoroço por ter seu lançamento posterior não no cinema, como é tradicional, e sim na Netflix, já que pertence e foi realizado pela plataforma em questão. Porém, estamos em constante processo de modernização, claro que ela tem que ser contida, como mostra a película.




O que é contado aqui é muito simples, a empresa Mirando, comandada por Lucy (Tilda Swinton), decide por um projeto alimentício, no qual superporcos, criados geneticamente, irão para a linha de produção e eventualmente gerariam produtos, que serão vendidos em todo o lugar. Para isso, a mulher colocou alguns desses animais em fazendas, estas localizadas em lugares diversos ao redor do mundo. O melhor superporco em 10 anos é selecionado para a procriação e será anunciado em Nova York. Uma menina chamada Mikha, dona de Okja, um desses animais, decide brigar com a empresa pela guarda da companheira, e no meio do caminho se envolve com um grupo de ativistas.

O filme é muito comunicativo, a começar pela fotografia, que consegue passar a critica embutida a indústria alimentícia que está embutida na história de forma inteligente, vemos que as cenas que não se passam na cidade ou que acontecem o mais longe dela possível tem a predominância de cores claras, na sua maioria o verde, como vemos na casa onde Mikha vive com o avó, em compensação, nas cenas que se passam na cidade, tanto em ambientes externos quanto em internos, o preto e o cinza dominam, mesmo que ocorra em lugares em que os prédios e propagandas multicoloridas prevaleçam sobre o local, o preto e o cinza estão lá, nas roupas, nos detalhes, em tudo.

Para a sátira a sociedade altamente modernizada e a critica á indústria alimentícia funcionarem, há a necessária presença de um elenco competente, se Tilda Swinton é inteligente na sua atuação, falsamente feliz e claramente preocupada em agir da forma certa, mesmo que saiba que não faz isso, Paul Dano encarna  o líder ativista Jay com intensidade, em seu tom de voz comedido e olhar calmo, vemos o controle, que pode ser perdido a qualquer momento de forma tão simples quanto Mikha, interpretada por Ahn Seo-Hyun, ama Okja, e como ela lida com toda a questão do ativismo é interessante, complexo e real.

Os efeitos especiais usados em Okja merecem destaque, o animal parece tão real quanto as pessoas, desde a textura, que é vista nas cenas onde ela se molha e escurece, e também quando algum dos personagens a toca, no olhar dela é visível como há inteligência e plena consciência do que está acontecendo ali, e os olhos de Okja deixam bem claro como ela gosta de sua dona.

Podendo ser mais conciso e também é correto afirmar que é possível fechar todos os arcos sem a necessidade de uma cena pós-créditos (que existe), “Okja” é um filme inteligente, que causa a simpatia do público pelas suas personagens principais, e através delas, consegue passar uma mensagem interessante de conscientização. 

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