10/23/2017 01:20:00 PM

Crítica: Inclusão social e aspectos educacionais em “Arábia”

Arábia
Imagem: Divulgação


Desde o início dos tempos, há determinados parâmetros sociais seguidos para dizer se uma pessoa é ou não “boa” de acordo com a ideologia imposta pelos grandes veículos midiáticos. Essas coisas são: dinheiro e educação. Quem tem um, em geral se da bem, quem tem os dois, consegue quase tudo aquilo desejado.

Mas, e as aquelas crianças, que são a maioria? Aquelas provenientes de família pobre, muitas sozinhas no mundo, em situação de rua, sem dinheiro, sem educação e sem ninguém para orienta-la em sua jornada?



Bom, o cinema, inclusivo como é, deu espaço a essas crianças no personagem Cristiano, o protagonista de “Arábia”, filme vencedor do Festival de Brasília de 2017, dirigido por Affonso Uchoa e João Dumans.

Cristiano é um operário de uma fábrica localizada em Ouro Preto, cidade pertencente ao estado de Minas Gerais. Sozinho a vida inteira, ele busca uma vida melhor incessantemente. O público acompanha sua história pela leitura de seu diário, realizada por André, que, após o operário falecer, vai até a casa deste para pegar seus documentos e encontra o caderno em cima da mesa.

Vemos como o rapaz sente falta de uma família, e para ele, a luta é a única alternativa a ser seguida (por isso o encantamento com Barreto, um dos moradores de uma cidade por onde ele passa), mas, ao mesmo tempo, ele quer parar de lutar, ele quer viver, ser feliz, constituir família e dar para o seu filho o que não teve durante a sua infância: educação e estabilidade.

Mas, a falta de educação formal (o rapaz é alfabetizado, que fique bem claro) não faz ele ser menos inteligente, principalmente em comparação com as pessoas “intelectuais”, logo, o filme apresenta a realidade de grande parte dos brasileiros, o choque cultural que somos obrigados a encarar e claro, a busca constante por condições melhores.

Condições essas que Cristiano parece encontrar apenas uma vez durante sua vida, pois, fora isso, ele é um militante social, ativista pelos direitos do trabalho e pelos direitos de vida para pró – egresso. Mesmo que ele não tenha conhecimento disso, o fato é: a luta dele não é apenas “acordar cedo e ir trabalhar” como é destacado, mas também é algo político, por isso a facilidade de fazer amizades, de os chefes não gostarem dele e por ele sempre ficar com o serviço pesado (mesmo sabendo realizar o administrativo), quanto mais baixo o cargo, menos voz ele tem.

Ou, ao menos, é assim que querem que ele pense, mas ele sabe como querem subjuga-lo, por esse motivo, as cenas onde ele trabalha na fábrica de tecelagem são as melhores do filme, pois envolve a conquista dos aspectos pelos quais a resistência ocorre: direitos humanos e sociais e o amor. Mesmo com a efemeridade disso, vemos como ele aproveita o momento e tenta faze-lo durar.

Assim, a última cena do filme ter a fala “Eu ainda to vivo”, apenas demonstra como a vida pode ser boa e cruel ao mesmo tempo, tanto para os adultos quanto para as crianças sem dinheiro, estabilidade familiar e acesso à educação, como Cristiano, o personagem dessa bela obra. Logo, a igualdade está logo ali, dá para a gente até tocar nela, basta que eduquemos as pessoas para tomarem essa atitude. 

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