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Imagem: Divulgação |
Desde o início dos tempos, há determinados parâmetros sociais seguidos para dizer se uma pessoa é ou não “boa” de acordo com a ideologia
imposta pelos grandes veículos midiáticos. Essas coisas são: dinheiro e educação.
Quem tem um, em geral se da bem, quem tem os dois, consegue quase tudo aquilo
desejado.
Mas, e as aquelas crianças, que são a maioria? Aquelas
provenientes de família pobre, muitas sozinhas no mundo, em situação de rua,
sem dinheiro, sem educação e sem ninguém para orienta-la em sua jornada?
Bom, o cinema, inclusivo como é, deu espaço a essas crianças
no personagem Cristiano, o protagonista de “Arábia”, filme vencedor do Festival
de Brasília de 2017, dirigido por Affonso Uchoa e João Dumans.
Cristiano é um operário de uma fábrica localizada em Ouro
Preto, cidade pertencente ao estado de Minas Gerais. Sozinho a vida inteira,
ele busca uma vida melhor incessantemente. O público acompanha sua história
pela leitura de seu diário, realizada por André, que, após o operário falecer,
vai até a casa deste para pegar seus documentos e encontra o caderno em cima da
mesa.
Vemos como o rapaz sente falta de uma família, e para
ele, a luta é a única alternativa a ser seguida (por isso o encantamento com
Barreto, um dos moradores de uma cidade por onde ele passa), mas, ao mesmo tempo,
ele quer parar de lutar, ele quer viver, ser feliz, constituir família e dar
para o seu filho o que não teve durante a sua infância: educação e
estabilidade.
Mas, a falta de educação formal (o rapaz é alfabetizado, que
fique bem claro) não faz ele ser menos inteligente, principalmente em
comparação com as pessoas “intelectuais”, logo, o filme apresenta a realidade
de grande parte dos brasileiros, o choque cultural que somos obrigados a
encarar e claro, a busca constante por condições melhores.
Condições essas que Cristiano parece encontrar apenas uma
vez durante sua vida, pois, fora isso, ele é um militante social, ativista
pelos direitos do trabalho e pelos direitos de vida para pró – egresso. Mesmo
que ele não tenha conhecimento disso, o fato é: a luta dele não é apenas “acordar
cedo e ir trabalhar” como é destacado, mas também é algo político, por isso a
facilidade de fazer amizades, de os chefes não gostarem dele e por ele sempre
ficar com o serviço pesado (mesmo sabendo realizar o administrativo), quanto
mais baixo o cargo, menos voz ele tem.
Ou, ao menos, é assim que querem que ele pense, mas ele sabe
como querem subjuga-lo, por esse motivo, as cenas onde ele trabalha na fábrica
de tecelagem são as melhores do filme, pois envolve a conquista dos aspectos
pelos quais a resistência ocorre: direitos humanos e sociais e o amor. Mesmo
com a efemeridade disso, vemos como ele aproveita o momento e tenta faze-lo
durar.
Assim, a última cena do filme ter a fala “Eu ainda to vivo”,
apenas demonstra como a vida pode ser boa e cruel ao mesmo tempo, tanto para os
adultos quanto para as crianças sem dinheiro, estabilidade familiar e acesso à
educação, como Cristiano, o personagem dessa bela obra. Logo, a igualdade está
logo ali, dá para a gente até tocar nela, basta que eduquemos as pessoas para
tomarem essa atitude.
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