12/18/2017 03:25:00 PM

Crítica: Star Wars - Episódio VIII: Os Últimos Jedi

Star Wars; Os Últimos Jedi
Imagem: Disney / Divulgação
OBS1.: A critica a seguir não contem spoilers.

OBS2.: PUTA QUE PARIU, QUE FILME LINDO BICHO

Mesmo com a frase formulada de maneira tão breve e bonita ali acima, ela não é suficiente para definir o que é esse novo filme da saga Star Wars, talvez (e espero isso) com o tempo surjam palavras que tragam com exatidão tudo aquilo representado por “Os Últimos Jedi”.

Dirigido por Rian Johnson, estamos novamente acompanhando a odisseia de Rey (interpretada por Daisy Ridley), Finn (John Boyega), Poe (Oscar Isaac), Leia (Carrie Fisher) e Luke (Mark Hamill). A projeção começa exatamente onde o espectador foi deixado no Episódio VII (“O Despertar da Força”), sendo de fato uma sequência, cumprindo a expectativa da cena final do filme passado.


Porém, é claro que, como esperado, a obra já inicia com uma sequencia de ação, porém, ao invés da ação um tanto quanto desenfreada dos filmes I, II e III, aqui há mais ritmo, mais pausa, para o espectador entender e enxergar os diversos fatos ocorridos, sem perder o fio da meada e sem se perguntar “mas, quando isso aconteceu?”

Além dessa decisão de Johnson de fazer referencias a trilogia clássica, principalmente ao episódio V (“O Império Contra-Ataca”), vemos algo que com exceção dos filmes V, VI e VII, não é muito comum na saga de ficção cientifica: a técnica. E, principalmente vemos a ousadia ao usar essa técnica, mas ainda assim, mesmo com a predominância de novos aspectos, há a presença da identidade clássica do filme.

Para arriscar dessa maneira na técnica, Johnson utilizou a montagem, enquadramentos, tomadas de câmera e a fotografia, todas essas aliadas, criam algo no filme que torna tudo inédito, imprevisível e bonito de se ver, é algo estilístico, que possivelmente, Johnson decidiu empregar para criar algo novo.

As tomadas mudaram, existem várias nesse novo episódio que usam a câmera subjetiva (ponto de vista do personagem) no meio de uma ação crítica, ou mostrar com a câmera muito próxima a ação, aquilo que está acontecendo, para criar empatia, seja com um lado, seja com outro.

E é nisso em que os planos são essenciais, pois, eles criam a tensão dependendo da forma como são dispostos. A alternância entre planos gerais (mostrar o ambiente geral da cena, por exemplo: uma nave no meio do espaço, vista de longe) e primeiros planos (a aproximação da câmera em relação a algo ou alguém), isso faz que o filme expanda o universo onde “Star Wars” acontece, possibilitando a visualização dos fatos pelos olhos de diversos personagens, localizados em pontos diferentes da cena ou até mesmo do filme.

Personagens que sim, são muitos, talvez o maior número de todos os filmes. Comumente, isso é um defeito, pois se torna uma tarefa impossível se aprofundar e contar a história de todos eles. Graças ao tempo do filme (Duas horas e meia de duração) e aos cortes bem utilizados, com cenas longas e bem definidas em um mesmo lugar, de maneira bem distribuída entre um ponto e outro, é possível perceber as expectativas, medos, motivos de tomar certas atitudes de cada uma das pessoas envolvidas em tudo aquilo.

Claro, um bom elenco é necessário para possibilitar esse aprofundamento nos personagens. E é o que temos, Laura Dern surpreende – e a atriz embalou em uma sequencia esplendida de bons trabalhos -, Kelly Marie Tran (Rose) passa uma mensagem bacana sobre como os povos devem ser unir e Andy Serkis faz um trabalho fenomenal como o Líder Supremo Snoke.

Além disso, o chamado elenco primário, surpreende ao melhorar aquilo que já era bom, Oscar Isaac cria novas facetas para Poe, deixando o piloto como um personagem multifacetado, John Boyega deixa Finn um pouco mais sério, porém com um humor sagaz e bem encaixado, Daisy Ridley, uma atriz expressiva, mostra como é possível demonstrar sentimentos com um olhar e mantem as expressões elevadoras de seu sucesso. Adam Driver mostra como um bom vilão é construído com tempo e não necessariamente com ação e Carrie Fisher, bom, Carrie Fisher é Carrie Fisher, e acrescenta a Leia mais força e mais representatividade do que nunca, demonstrando como pequenas vitórias são importantes, porém, o objetivo maior é o principal.

No aspecto fotográfico se torna possível denotar como determinadas características dos personagens estão embutidas neles, Kylo Ren é quase sempre iluminado pelas sombras, a escuridão do ambiente é dominante no rosto dele, ao contrário disso, Rey é sempre mostrada com luz, mesmo em lugares mais escuros, demonstrando a esperança constante da personagem, porém, em certas ocasiões, há a divisão entre luz e sombra no rosto da moça, talvez denotando uma curiosidade pelo lado negro. 

Mark Hamill oscila entre luz e sombra, denotando a dúvida constante que lhe perpassa a mente, e para Luke, é importante essa dúvida, pois torna o personagem mais sombrio do que nos filmes anteriores, e em relação a isso, esse Luke é o mais interessante de todos aqueles representados pelo ator. Se na trilogia original, vemos um personagem otimista, resistente e até mesmo esperançoso e feliz, nesse novo episódio, o passado dele o assombra e vemos como o tempo puniu um homem que adquiriu status de lenda.

Apesar de ser muito cedo para comentários assim, “Os Últimos Jedi” talvez seja o melhor filme da saga, superando o reinado duradouro de “O Império Contra-Ataca”. É o mais ousado tecnicamente, é o que conta com o elenco mais talentoso, o roteiro é perfeito, os diálogos são bem escritos e a direção é estilosa.

Não resta mais nada a dizer, a não ser “Que a Força esteja com você”. 

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