Imagem: Disney / Divulgação |
OBS1.: A critica a
seguir não contem spoilers.
OBS2.: PUTA QUE PARIU,
QUE FILME LINDO BICHO
Mesmo com a frase formulada de maneira tão breve e
bonita ali acima, ela não é suficiente para definir o que é esse novo filme da
saga Star Wars, talvez (e espero isso) com o tempo surjam palavras que tragam
com exatidão tudo aquilo representado por “Os Últimos Jedi”.
Dirigido por Rian Johnson, estamos novamente acompanhando a
odisseia de Rey (interpretada por Daisy Ridley), Finn (John Boyega), Poe (Oscar
Isaac), Leia (Carrie Fisher) e Luke (Mark Hamill). A projeção começa exatamente
onde o espectador foi deixado no Episódio VII (“O Despertar da Força”), sendo
de fato uma sequência, cumprindo a expectativa da cena final do filme passado.
Porém, é claro que, como esperado, a obra já inicia com uma
sequencia de ação, porém, ao invés da ação um tanto quanto desenfreada dos
filmes I, II e III, aqui há mais ritmo, mais pausa, para o espectador entender
e enxergar os diversos fatos ocorridos, sem perder o fio da meada e sem se perguntar “mas, quando isso aconteceu?”
Além dessa decisão de Johnson de fazer referencias a trilogia
clássica, principalmente ao episódio V (“O Império Contra-Ataca”), vemos algo
que com exceção dos filmes V, VI e VII, não é muito comum na saga de ficção
cientifica: a técnica. E, principalmente vemos a ousadia ao usar essa técnica,
mas ainda assim, mesmo com a predominância de novos aspectos, há a presença da
identidade clássica do filme.
Para arriscar dessa maneira na técnica, Johnson utilizou a
montagem, enquadramentos, tomadas de câmera e a fotografia, todas essas
aliadas, criam algo no filme que torna tudo inédito, imprevisível e bonito de
se ver, é algo estilístico, que possivelmente, Johnson decidiu empregar para
criar algo novo.
As tomadas mudaram, existem várias nesse novo episódio que
usam a câmera subjetiva (ponto de vista do personagem) no meio de uma ação crítica,
ou mostrar com a câmera muito próxima a ação, aquilo que está acontecendo,
para criar empatia, seja com um lado, seja com outro.
E é nisso em que os planos são essenciais, pois, eles criam
a tensão dependendo da forma como são dispostos. A alternância entre planos
gerais (mostrar o ambiente geral da cena, por exemplo: uma nave no meio do
espaço, vista de longe) e primeiros planos (a aproximação da câmera em relação
a algo ou alguém), isso faz que o filme expanda o universo onde “Star
Wars” acontece, possibilitando a visualização dos fatos pelos olhos de diversos
personagens, localizados em pontos diferentes da cena ou até mesmo do filme.
Personagens que sim, são muitos, talvez o maior número de
todos os filmes. Comumente, isso é um defeito, pois se torna uma tarefa
impossível se aprofundar e contar a história de todos eles. Graças ao tempo do
filme (Duas horas e meia de duração) e aos cortes bem utilizados, com cenas
longas e bem definidas em um mesmo lugar, de maneira bem distribuída entre um
ponto e outro, é possível perceber as expectativas, medos, motivos de
tomar certas atitudes de cada uma das pessoas envolvidas em tudo aquilo.
Claro, um bom elenco é necessário para possibilitar esse
aprofundamento nos personagens. E é o que temos, Laura Dern surpreende – e a
atriz embalou em uma sequencia esplendida de bons trabalhos -, Kelly Marie Tran
(Rose) passa uma mensagem bacana sobre como os povos devem ser unir e Andy
Serkis faz um trabalho fenomenal como o Líder Supremo Snoke.
Além disso, o chamado elenco primário, surpreende ao
melhorar aquilo que já era bom, Oscar Isaac cria novas facetas para Poe,
deixando o piloto como um personagem multifacetado, John Boyega deixa Finn um
pouco mais sério, porém com um humor sagaz e bem encaixado, Daisy Ridley, uma
atriz expressiva, mostra como é possível demonstrar sentimentos com um olhar e
mantem as expressões elevadoras de seu sucesso. Adam Driver mostra como um bom
vilão é construído com tempo e não necessariamente com ação e Carrie Fisher,
bom, Carrie Fisher é Carrie Fisher, e acrescenta a Leia mais força e mais
representatividade do que nunca, demonstrando como pequenas vitórias são
importantes, porém, o objetivo maior é o principal.
No aspecto fotográfico se torna possível denotar como
determinadas características dos personagens estão embutidas neles, Kylo Ren é
quase sempre iluminado pelas sombras, a escuridão do ambiente é dominante no
rosto dele, ao contrário disso, Rey é sempre mostrada com luz, mesmo em lugares
mais escuros, demonstrando a esperança constante da personagem, porém, em certas ocasiões, há a divisão entre luz e sombra no rosto da moça, talvez denotando uma curiosidade pelo lado negro.
Mark Hamill oscila entre luz e sombra, denotando a dúvida
constante que lhe perpassa a mente, e para Luke, é importante essa dúvida, pois
torna o personagem mais sombrio do que nos filmes anteriores, e em relação a
isso, esse Luke é o mais interessante de todos aqueles representados pelo ator.
Se na trilogia original, vemos um personagem otimista, resistente e até mesmo
esperançoso e feliz, nesse novo episódio, o passado dele o assombra e vemos
como o tempo puniu um homem que adquiriu status de lenda.
Apesar de ser muito cedo para comentários assim, “Os Últimos
Jedi” talvez seja o melhor filme da saga, superando o reinado duradouro de “O
Império Contra-Ataca”. É o mais ousado tecnicamente, é o que conta com o elenco
mais talentoso, o roteiro é perfeito, os diálogos são bem escritos e a direção
é estilosa.
Não resta mais nada a dizer, a não ser “Que a Força esteja
com você”.
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