Imagem: Divulgação |
Steven Soderbergh sempre se caracterizou por ser um diretor
criativo, que tenta (e em geral consegue) trazer novas técnicas em gêneros já
consolidados na indústria cinematográfica, ele fez isso nos filmes políticos
(os dois filmes sobre a Revolução Cubana, em “Che”), no de ladrões, os filmes
da saga “Onze Homens e um Segredo” e novamente, nesse “Unsane”.
Aqui, o gênero que ganha mais ferramentas para usar é o
suspense, Sawyer é uma mulher que acaba de se mudar para uma nova cidade, na tentativa de
reconstruir a vida e ter um novo trabalho, após ela ter sofrido nas mãos de um
stalker incessante e maníaco. Porém, ao passar por uma sessão de terapia e assinar um contrato que a prende no hospital, sem saber o motivo de estar
presa, ela é tratada como louca e fica ali, junto com o stalker que a
atormentou no passado, empregado do local.
Soderbergh usa de um artificio interessante para criar o
aspecto visual do filme, toda a obra é filmada com um iPhone 7 Plus. Justamente
a fotografia, as cores e a câmera são os fatores que estruturam a obra em torno
da personagem principal e criam o suspense necessário para o funcionamento do
filme.
A câmera está sempre próxima dos personagens, criando uma
sensação claustrofóbica que faz o público criar empatia com a protagonista,
pois se claustrofobia é ter medo de lugares fechados, se sentir preso, Sawyer
está justamente passando por essa situação, logo, é como se nós espectadores tivéssemos que nos colocar no lugar dela, para saber de fato o que ela sente.
A fotografia e cores são aspectos mesclados, em geral a
projeção é bastante clara, porém, ela sempre remete a cor azul, devido ao
stalker se utilizar dessa cor para perseguir Sawyer (através de roupas e acessórios que ela usa), assim, quando
vemos a cor azul ou algum indicio dela no quadro (como roupas, mobília, pintura
dos quartos), é reforçada a existência do perigo que Sawyer corre e em determinados
casos, mesmo nas situações aparentemente sem nenhum risco, o azul serve para
deixar o público em modo de alerta.
Assim como a trilha sonora, bem-sucedida em compor as cenas
e construir o suspense de cada uma delas. A música, assim como a cor,
serve para reforçar o perigo que Sawyer corre e para lembrar o público da
atualidade do perigo, da realidade dele e que as redes sociais estão
constantemente presentes na projeção.
Claire Foy oferece uma atuação admirável, segurando o filme
nos momentos em que Soderbergh perde a mão, “Unsane” demora para criar ritmo e
poderia ser mais ágil, principalmente no seu primeiro ato, porém, Foy mantem o
público atento, com o jeito acelerado de andar, com o modo decidido de agir e
principalmente, com o mistério que cria em torno de sua personagem, revelando-a
aos poucos.
Apesar dessa “enrolação”, o novo trabalho de Steven
Soderbergh vale a pena, é criativo, atual, traz novas coisas e não faz isso
apenas por ter sido filmado em um celular, mas faz isso utilizando uma boa
atriz e principalmente, uma boa história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário