Ingmar Bergman no set (Imagem: Meon / Divulgação) |
Ernst Ingmar Bergman, nasceu em 14 de julho de 1918, na
cidade de Uppsala, na Suécia. Criado pela mãe enfermeira e pelo pai pastor, ele
tinha um irmão mais velho e uma irmã mais nova. Tendo sofrido na infância,
sendo obrigado a ter uma educação rígida e teve uma adolescência com poucos
amigos, Bergman encontrou no cinema uma forma de se expressar.
Contextualizo a vida familiar dele desta forma, pois esta é
necessária para entendermos Bergman como diretor de cinema, teatro e escritor.
Foram as suas obsessões pelo silencio de Deus (que teve inicio com o pai),
pelas mulheres (que teve inicio com a mãe e continuou com a irmã) e pelo trato
com as pessoas, que surgiram os temas de seus filmes e peças pelas quais houve
interesse em participar.
O primeiro trabalho de trabalho foi como escritor e corretor
de argumentos (nome dado para a ideia bruta do filme, antes de virar um
roteiro), na Svensk Filmindustri (o grande estúdio de cinema da Suécia). Ele
escreveu o roteiro de Hets (1944), dirigido por Alf Sjoberg e produzido por
Victor Sjostrom, dois dos nomes mais importantes no cinema sueco até hoje.
No ano seguinte, ele dirige seu primeiro filme “Crise”.
Considerado um fracasso, tanto de público, quanto de crítica, a carreira de
Bergman. Nos anos seguintes, foram dirigidos filmes da chamada “primeira fase”
de direção cinematográfica, obras que não são perfeitas, mas que demonstram uma
melhora do diretor em todos aspectos, com cada vez mais domínio das técnicas.
Porém, ele não teve total autonomia, logo, não escrevia os filmes ou fazia isso
com um parceiro imposto pelo estúdio, não tinha total controle na edição e nem
na escolha do elenco, sem esquecer do pouco dinheiro cedido para o trabalho.
O Sétimo Selo - 1957 (Imagem: Divulgação) |
Mas, isso muda bruscamente nos anos 50, mais especificamente
em 1957. “O Sétimo Selo”, obra que fala sobre o silencio de Deus e a presença
da morte como fim de todas as pessoas, é o primeiro filme onde Bergman pode
escrever, escolher elenco (ele leva muitas pessoas que tinha dirigido no
teatro), participar do processo de edição e que conta com um orçamento
considerável, não exorbitante, mas, era mais dinheiro para trabalhar do que ele
jamais tinha tido.
57, o ano mais produtivo da carreira dele não veio do nada,
isso se deve ao sucesso de dois grandes filmes, “Monika e o Desejo” (1952) e
“Noites de Circo” (1953). Graças a esses dois filmes e aos filmes seguintes que
renderam bilheteria e foram bem recebidos pela crítica, Bergman conseguiu a
sonhada autonomia para trabalhar.
Monika e o Desejo - 1952 (Imagem: Divulgação) |
Assim, nos anos seguintes, principalmente na década de 60
para frente, a inovação, talento e as obsessões de Bergman, fizeram o cinema
mudar para melhor, com filmes perfeitos, inesquecíveis como “Persona” (1966),
que conta a história de duas mulheres completamente distintas e “Gritos e
Sussurros” (1972), que representa um marco na carreira dele, já que a autonomia
que ele havia ganho antes, se estende aqui para o uso da cor.
Vencedor de prêmios nas principais cerimonias do mundo,
ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro três vezes, por “A Fonte da Donzela”
em 1961, “Através de um Espelho” em 1962 e por “Fanny e Alexander” em 1984 (mas
o filme é de 1982). Ganhou os prêmios do Juri e de Direção em Cannes, por “O
Sétimo Selo” e “No Limiar da Vida” (57 e 58 respectivamente), além da Palma das
Palmas, pela carreira de forma geral, em 97, sendo o único diretor a conseguir
este feito, além de ter ganho os prêmios máximos nos outros dois grandes
festivais europeus, Berlim e Veneza, por “O Rosto” em 58 e “Musik i moket” em
48 (Veneza) e em 57 por “Morangos Silvestres” (Berlim).
Portanto, não há como negar a importância de Ingmar Bergman
para a sétima arte, ele trouxe inovação, novos conceitos de atuação e de
edição, além das ideias para a fotografia, que abordavam o cinema de forma
pessoal e, claro, obsessiva, como Bergman sempre foi.
Vida Amorosa
A carreira de Bergman, muito conhecida, apresentou diversos
casos de vida amorosa antes, durante e depois das filmagens e peças. Ele se
envolveu com muitas atrizes, como Harriet Andersson (de “Monika e o Desejo”),
Bibi Andersson (de “Persona”) e Liv Ullmann (de “Gritos e Sussurros”).
Porém, durante todos (ou quase todos) os envolvimentos, ele
estava casado e com filhos para criar. Bergman se casou cinco vezes e teve nove
filhos que foram reconhecidos por ele. Ou seja, ele traia de maneira
incessante, além de ser agressivo com as mulheres, como retratou Liv Ullmann na
sua autobiografia “Mutações”, ela fala que eles nunca deixaram de ser amigos,
mas que ela sofreu. Fora os outros casos de violência que aconteceram com
algumas namoradas (e uma em especifico, algo que pode ser visto no documentário
“Bergman – 100 anos”).
Filhos
Como dito anteriormente, Bergman teve nove filhos
reconhecidos por ele. Alguns desses, foram de relações extraconjugais, e alguns
com atrizes. Independente de com quem tenham sido os filhos, ele foi
irresponsável com todos eles.
Bergman nunca participou da vida dos filhos (o próprio fala
isso na autobiografia “Lanterna Mágica”). Ele apenas pagava a pensão e não
participava da criação deles. Em certas entrevistas, ele se esquece da
quantidade de filhos que tem, falando que tem 5 (quando na época tinha 6). Ou
seja, entre o trabalho e a família, ele escolheu o trabalho e usou essa escolha
para criar as histórias que iria filmar.
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