Imagem: DIAMOND FILMS / DIVULGAÇÃO |
Fazer um filme noir é difícil, porque há vários aspectos na
obra que a tornam variada e a deixam com um estilo fixo, certo e reconhecível
de maneira imediata pelo seu público fiel e apesar de não ter alguns deles, como
a cor em preto e branco, “Crimes em Happytime” é um filme que faz uma paródia
inteligente do gênero citado no parágrafo acima, usando de sua bizarrice para
criar sua atmosfera.
Dirigido por Brian Henson, o filme conta a história de Phil
Phillips (dublado por Bill Barretta), um fantoche e investigador particular que
passa a trabalhar em diversos assassinatos, todos eles têm algo em comum, são
pessoas de uma série televisiva de sucesso nos anos 80. Nesse caso,
Phillips conta com sua ex parceira na polícia Connie Edwards (Melissa
McCarthy).
A obra usa de seu surrealismo, ao misturar humanos com
fantoches em uma cidade, para fazer uma paródia de filmes noir consagrados,
como “Relíquia Macabra” (1941) de John Huston, “A Morte num Beijo” (1955) de
Robert Aldrich e “Cat People” (1942) de Jacques Tourneur.
Graças a narração em off, aos ângulos utilizados e ao
personagem de Phillips, a paródia funciona perfeitamente, dando a clara
intenção que o filme tem o propósito de divertir seu público com sua bizarrice.
Por começar dentro de um carro antigo e poucas cenas depois,
mostrar o protagonista em seu escritório, fumando e bebendo uísque após
conversar com sua secretária e aceitar um caso, vemos como o personagem foi
inspirado em Philip Marlowe de “Relíquia Macabra” - inspiração que chega até o nome do protagonista - que faz exatamente o mesmo.
Mas, com as piadas sendo inseridas, a projeção vai
desconstruindo essa aura. As gags apenas funcionam devido as atuações
principais, de Barretta e McCarthy, que funcionam muito bem ao fazer crescer um
roteiro cheio de brechas e previsibilidades na sua história, esse defeito
prejudica a narrativa em seu ritmo.
Aqui entramos em um assunto relevante, por mais que a obra
tenha o claro propósito de apenas entreter, o roteiro poderia ter funcionado no
desenrolar da investigação e em personagens secundários, como uma certa
reaparição sem nenhuma explicação válida ou o fato de dizerem que Phillips
estava presente em todas as cenas dos crimes para acusá-lo, sendo que, na
principal delas, ele não está lá e as previsibilidades prejudicam ao fazer o público, a partir
do meio do segundo ato, saber exatamente o que vai acontecer e como o fato vai
acontecer, ou seja, um roteiro convencional e com furos.
Por isso, as atuações são tão importantes, são elas que
seguram o filme, ao botar fantoches em situações que seriam exclusivamente
humanas, como a cena do sexo e a cena da “cocaína”. E claro, pelo ótimo timing
cômico da dublagem de Barretta e McCarthy, que contam as piadas de forma a
tornar as ocasiões mais inusitadas em naturais para humano ou fantoche.
Assim, “Crimes em Happytime” é um bom filme dirigido por Henson, mas, ele se segura apenas pelo talento de seu protagonista e pela
sempre ótima Melissa McCarthy, se tivesse um roteiro melhor, com certeza essa
projeção seria muito mais do que uma comédia convencional.
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