10/01/2018 12:00:00 AM

Crítica: Juliet, nua e crua

Juliet, nua e crua
Imagem: DIAMOND FILMS / Divulgação

Nick Hornby é um escritor de sucesso, conhecido por uma das adaptações mais famosas do cinema dito “cult”, “Alta Fidelidade” (2000) é um filme divertido, consegue unir música e a vida das pessoas de forma envolvente, mesmo que sua montagem não tenha tanto ritmo assim.

O que não acontece com “Juliet, nua e crua”, outro livro do autor adaptado para o cinema, dessa vez, o ator principal não é John Cusack e sim Ethan Hawke (já experiente em filmes com música, já que estreou "Born to be blue", a história de Chet Baker), como um músico aposentado e isolado da sociedade, com um álbum de sucesso chamado “Juliet”, referência ao termino com uma namorada.

Dirigido por Jesse Peretz, a obra parte da história de Annie (interpretada por Rose Byrne), namorada de Duncan (interpretado por Chris O’Dowd). O homem é um fã incondicional de Tucker Crowe (Hawke) e tem um site sobre ele. Após Annie escrever um comentário no site, Crowe entra em contato com ela e eles passam a ser amigos.


A obra usa a trilha sonora e a montagem para abordar vários assuntos, como relacionamentos abusivos, abandono paternal, liberdade feminina e liberdade sexual, além das duas ótimas atuações centrais.

Falar de montagem é falar de algo essencial a esse filme, pois, ao contrário de “Alta Fidelidade”, essa projeção tem dinamismo graças ao bom uso dos cortes aliado a todo o ambiente musical construído de maneira gradual.

Até porque, mesmo aposentado, Crowe ainda faz sucesso, devido ao mistério que sua vida se tornou para os fãs e claro, pelo inegável talento existente em seu trabalho, que conseguiu tocar as pessoas. Logo, a trilha ser diegética - quando faz parte exclusivamente do ambiente da narrativa - com as músicas do cantor em questão, faz sentido e se fosse de outra forma - como trilha sonora original e instrumental ou músicas de artistas que não são do mesmo gênero de Tucker - não se encaixaria da maneira devida nos cortes.

Cortes que conseguem estabelecer bem os arcos dos personagens, principalmente os protagonistas, Tucker e Annie, sabemos de seus anseios, medos e esperanças de maneira natural, sem soar desnecessário, apenas como um aprofundamento a mais.

É assim que descobrimos como Tucker busca corrigir seus erros, seja aqueles referentes aos filhos que não criou e as mulheres que abandonou, ou aqueles em relação a carreira musical e claro, Ethan Hawke, um ator que não tem uma atuação fora do piloto automático, passa as multiplicidades sentimentais com maestria, oferecendo um trabalho sensível.

Assim como Rose Byrne, já que ela sofre com os abusos psicológicos de Duncan, que a força ser alguém que não é e a ter gostos que não tem. A jornada de Annie é interna, em busca de ser ela mesma e de descobrir quem é, a única certeza que ela tem nesse aspecto é não ter os mesmos gostos do companheiro.

O roteiro bem escrito, facilita o trabalho dos atores, não dando nenhuma brecha e com a base necessária para as atuações serem bem-sucedidas, ou seja, os dois protagonistas podem ser ousados na construção de seus personagens, sem esquecer da obrigação de manter os papéis fiéis ao livro.

Assim, Jesse Peretz, consegue criar um filme divertido, bom para quem procura uma forma de passar o tempo e para quem procura um filme “cult”, justamente o que esperar de um livro de Hornby.

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