10/19/2018 12:01:00 AM

Crítica: Rosas Selvagens

Imagem: DIVULGAÇÃO
Cinema do leste europeu é tradicionalmente seco, usando as histórias que escolhe contar, mesmo que elas possam ter uma dose de dinamismo, para expor como as pessoas podem ser tão frias quanto o seu próprio país e cruéis como a sociedade costuma ser.

Dirigido por Anna Jadowska, “Rosas Selvagens” é um desses exemplos. A história é a de Ewa (interpretada por Marta Nieradkiewicz), casada com Andrezj, ela cria seus dois filhos, uma menina chamada Marysia de mais ou menos seis anos e um menino de aproximadamente de dois, chamado Jas. O marido trabalha fora e está de volta para ficar uma semana em casa, prática que faz mensalmente, mas, Ewa está grávida de Marcel, um adolescente e precisa esconder o adultério e a gravidez da família.


A obra apesar de bem feita e coesa em sua proposta, apresenta um excesso nos planos gerais, além de não desenvolver bem, nas suas 1h30 de duração, as pressões que Ewa sofre da mãe, do marido e da sociedade, sem esquecer que ela precisa ser uma boa mãe e presente para seus filhos, pois, além de os amar, ela cria as crianças praticamente sozinha.

Em relação aos planos, o filme abusa dos planos gerais, nos primeiros 10 minutos de projeção, tem 6 quadros desse tipo, alguns deles necessários, como, por exemplo, aqueles que mostram a vila e a casa onde Ewa vive e outros inúteis e com o objetivo de serem contemplativos, como aqueles que mostram as plantações da vila – onde a protagonista colhe as rosas do título para vender – e as estradas.

Apesar desse excesso, não dá para negar que os planos são muito bonitos e bem compostos, fora que eles combinam de forma perfeita com a trilha sonora da obra, que não é musical nem nas cenas de festa da família, todos os sons fazem parte da diegese, ou seja, estão de fato presentes na narrativa.

Narrativa que mostra as pressões enfrentadas por Ewa, citadas acima, porém, é exposto como o relacionamento amoroso no qual a mulher está, é abusivo, não apenas pelo comportamento violento do marido, mas também pela ausência dele na criação das crianças, sim, como dito, ele trabalha em outro lugar, todavia, a comunicação que ele tem com os filhos é apenas nessa uma semana que ele volta para casa, ou seja, não há participação, mas há cobrança da parte dele.

Assim, “Rosas Selvagens”, é um filme bem dirigido, porém, se fosse um pouco mais dinâmico e uns 10 minutos mais longos, teria rendido muito mais do que rendeu, aprofundando melhor os arcos que constroem, fechando esses arcos e claro, aproveitando uma protagonista que tem muito a oferecer.

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