1/14/2019 12:00:00 AM

Crítica: Pantera Negra

Pantera Negra
Imagem: MARVEL STUDIOS / DIVULGAÇÃO
A primeira aparição do Pantera Negra nos cinemas, foi em “Capitão América: Guerra Civil”, onde o herói perde o pai devido ao ataque de Zemo (Daniel Bruhl), vilão do filme protagonizado por Steve Rogers (Chris Evans). Partindo daí e usando essa perda como base, temos uma obra onde T´Challa, interpretado por Chadwick Boseman é o ponto principal.

Dirigido por Ryan Coogler, “Pantera Negra” conta a história de seu novo rei, quando este precisa manter seu trono e a tecnologia do vibranium, metal precioso apenas encontrado em Wakanda, seu país natal, longe de Ulisses Klaue (Andy Serkis), um homem que conseguiu roubar um pouco do minério com certa ajuda e de Erik “Killmonger” Stevens (Michael B.Jordan), um wakandiano isolado do país devido a crimes cometidos pelo seu pai (Sterling K.Brown). Para cumprir seu objetivo, T´Challa conta com a ajuda da irmã Shuri (Letitia Wright), da general e amiga Okoye (Danai Gurira), da espiã e namorada Nakia (Lupita Nyong’O) e do agente da CIA Everett Ross (Martin Freeman).
Como é possível perceber pela sinopse acima, vemos que o filme conta com um elenco competente em diversos níveis de importância, ele é usado para a obra fazer uma contextualização da matriz africana e de toda a sua cultura, desde dos aspectos religiosos, passando pelos sociais e focando no tratamento que T´Challa dá ou não ao seu povo, seja ele wakandiano ou de algum outro país.

Para isso, Coogler usa os aspectos técnicos, diferente dos outros filmes individuais de heróis do universo Marvel, o que faz “Pantera Negra” estar um nível acima desses filmes (Não contando os que tem todos, como a saga “Vingadores”). A trilha sonora, a fotografia, a maquiagem e os figurinos, levam o público para dentro de Wakanda, com uma capacidade de imersão que poucas obras do gênero têm.

Os figurinos são feitos para dar as tribos de Wakanda a variedade necessária para que entendamos a riqueza daquele povo, as cores fortes, azul, verde, vermelho, fazem o público identificar cada tribo de forma natural e entender que todos ali tem sua importância para o funcionamento do local, além de contribuir para a fotografia do filme.

Nesse ponto, Rachel Morrison (diretora de fotografia da obra), usa as cores dos figurinos e da maquiagem dos personagens, junto as citadas acima, também temos o amarelo, o roxo. Como essas são cores secundárias, a diretora aproveita que os tons utilizados para forma-las já apareceram no filme anteriormente, tanto o vermelho e o azul (que formam o roxo), quanto o verde e o vermelho (que formam o amarelo). Ela usa o widescreen para espalhar essas cores nos planos abertos que Coogler utiliza, mesmo em cenas que não são em Wakanda, como a sequência inicial e a sequência em Busan.

Sobre essa última, ela serve como exemplo de um dos melhores pontos da projeção, que são os planos longos, tanto nas cenas de ação (como essa de Busan), quanto nas cenas onde Wakanda é mostrada, por exemplo, na primeira vez que o laboratório de Shuri aparece no filme. Em relação a ação, os planos longos e sem cortes fazem com que o público veja o que está acontecendo, evitando a velocidade exagerada de outros filmes, já no ponto de vista descritivo, é possível notar os detalhes de cada cenário, como as cores citadas acima aparecem em quase todos eles e claro, ajuda na imersão do filme.

O elenco, como dito, é essencial para o funcionamento da obra e todos eles entregam o que lhes foi pedido com competência, Chadwick Boseman constrói um herói cheio de dúvidas, ao contrário de um estereotipo seguro visto em outras obras do gênero (sejam estas atuais ou não). Essas dúvidas acontecem devido ao seu mandato e a importância dele e em relação a dividir ou não a tecnologia de Wakanda com o mundo, tendo o objetivo de ajudar os negros que sofrem ao redor do globo, seja o que estão no mesmo continente de Wakanda, ou aqueles que estão em outros continentes.

Essa dúvida é reforçada através do filme, seja pelo roteiro (escrito por Coogler e Joe Robert Cole), através de Nakia e Killmonger. Ambos querem a divisão da tecnologia com as outras pessoas, porém, de formas diferentes, Nakia enxerga que o lado da diplomacia é o melhor e Killmonger acha que a guerra e a soberania através da tecnologia é o ideal. Ambos os personagens tem bons argumentos em seus pontos de vista, Nakia é bem construída por Nyong’O, que usa o papel para gerar reflexão no espectador, assim como Michael B.Jordan faz com Killmonger, a diferença é que o vilão trata a vingança pelo isolamento dele e do pai com igual importância ao compartilhamento de conhecimento, isso é o que gera a vontade de guerra com os outros.

Por fim, é inteligente como Coogler usa o jogo de basquete como rima visual e mudança de ciclo. Se no começo da obra, o jogo acaba por representar uma cena de morte (flashback do isolamento do pai de Killmonger), no fim da projeção, o jogo representa a vida, ao vermos como os personagens do filme ajudam as crianças que estão jogando na quadra e pelo fato de que o mostrado é apenas o começo dessa ajuda, torna “Pantera Negra” um filme otimista.

Logo, Coogler dirige um filme que sabe o que quer passar e principalmente, que sabe como fazer o público ficar imerso na obra, não tendo medo de assumir que Pantera Negra é um herói e usando da fantasia aliada aos aspectos técnicos cinematográficos para criar uma obra harmônica, competente e atrativa para todos os tipos de espectador.

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