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Imagem: Califórnia Filmes / DIVULGAÇÃO |
Não dá para negar que é uma descrição acertada, apesar de peculiar, pois sabemos que infelizmente não há nada de ficção nos casos de pedofilia de padres da igreja católica nos últimos anos.
O filme conta a história de Alexandre (Melvil Poupaud) e François (Denis Menochet, do ótimo "Custódia"), dois homens que quando crianças foram abusados pelo mesmo padre, chamado Preynad (Bernard Verley). Já adultos, eles decidem denunciar e reunir outras pessoas para que possam fazer o mesmo.
Apesar de estarem lutando pela mesma coisa, é notável como Ozon constrói dois personagens completamente diferentes entre si. Um ateu, o outro ainda católico, um que acredita na igreja como instituição e o outro que a despreza de todas as formas.
Essa construção é muito bem feita pelo roteiro, que usa essas diferenças como o principal motor de seu filme, dividindo a obra de forma igual entre ambos. O primeiro ato é todo dedicado a Alexandre e o segundo é todo de François, já o terceiro é a união entre dois atos, através de mais uma vítima.
Ozon usa a montagem, simples e com cortes secos frequentes, para ritmar o filme de forma dinâmica, ao mesmo tempo em que liga as histórias através dos e-mails, cartas e depoimentos das vítimas.
Por ter esse fio de ligação, a fotografia é totalmente sem cor, quase insípida, o que é uma forma de comunicar o público como a vida das vítimas se tornou sem cor por causa do que o padre fez com eles, mesmo que todos ali tenham uma vida bem estabelecida com famílias, trabalho e princípios.
Esses últimos são desafiados o tempo todo, principalmente no caso de Alexandre, que ainda frequenta a igreja e nunca deixou de ter fé. Se isso é notável (pois, depois de tudo o que ele passou, seria compreensível ele ser ateu assim como François), também é uma das coisas que faz ele se sentir mais culpado.
Não que ele (ou qualquer uma das vítimas) tenha alguma culpa dos abusos que sofreram, o que as atuações de Poupaud, Menochet e todo o elenco, deixa muito bem claro durante as 2h20 de filme. Já que todos os membros do elenco constroem muito bem seus personagens.
Mesmo que o foco sejam os dois personagens citados, é admirável como Ozon consegue dar voz às famílias deles, mostrando os problemas das companheiras, dos pais, dos filhos, pois mesmo com toda a luta deles, a vida continua e outras pessoas também seus problemas e suas batalhas para ganhar.
Essas variações, tanto de personalidade quanto dos problemas da família das vítimas, é algo trabalhado organicamente pelo diretor, usando a fotografia, roteiro e montagem já citados.
Com inteligência e organicidade, "Graças a Deus" é um filme rico, bem escrito e que promove diversas discussões necessárias para a evolução da sociedade e da ideologia religiosa mais influente em toda história.
Mais um excelente trabalho de um dos melhores diretores da atualidade.
Apesar de estarem lutando pela mesma coisa, é notável como Ozon constrói dois personagens completamente diferentes entre si. Um ateu, o outro ainda católico, um que acredita na igreja como instituição e o outro que a despreza de todas as formas.
Essa construção é muito bem feita pelo roteiro, que usa essas diferenças como o principal motor de seu filme, dividindo a obra de forma igual entre ambos. O primeiro ato é todo dedicado a Alexandre e o segundo é todo de François, já o terceiro é a união entre dois atos, através de mais uma vítima.
Ozon usa a montagem, simples e com cortes secos frequentes, para ritmar o filme de forma dinâmica, ao mesmo tempo em que liga as histórias através dos e-mails, cartas e depoimentos das vítimas.
Por ter esse fio de ligação, a fotografia é totalmente sem cor, quase insípida, o que é uma forma de comunicar o público como a vida das vítimas se tornou sem cor por causa do que o padre fez com eles, mesmo que todos ali tenham uma vida bem estabelecida com famílias, trabalho e princípios.
Esses últimos são desafiados o tempo todo, principalmente no caso de Alexandre, que ainda frequenta a igreja e nunca deixou de ter fé. Se isso é notável (pois, depois de tudo o que ele passou, seria compreensível ele ser ateu assim como François), também é uma das coisas que faz ele se sentir mais culpado.
Não que ele (ou qualquer uma das vítimas) tenha alguma culpa dos abusos que sofreram, o que as atuações de Poupaud, Menochet e todo o elenco, deixa muito bem claro durante as 2h20 de filme. Já que todos os membros do elenco constroem muito bem seus personagens.
Mesmo que o foco sejam os dois personagens citados, é admirável como Ozon consegue dar voz às famílias deles, mostrando os problemas das companheiras, dos pais, dos filhos, pois mesmo com toda a luta deles, a vida continua e outras pessoas também seus problemas e suas batalhas para ganhar.
Essas variações, tanto de personalidade quanto dos problemas da família das vítimas, é algo trabalhado organicamente pelo diretor, usando a fotografia, roteiro e montagem já citados.
Com inteligência e organicidade, "Graças a Deus" é um filme rico, bem escrito e que promove diversas discussões necessárias para a evolução da sociedade e da ideologia religiosa mais influente em toda história.
Mais um excelente trabalho de um dos melhores diretores da atualidade.
Veja o trailer aqui, filme distribuído pela Califórnia Filmes:
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