8/05/2019 12:00:00 AM

Crítica: Retrato do Amor

Retrato do Amor
Imagem: Califórnia Filmes / DIVULGAÇÃO
Às vezes, o amor vem das formas mais improváveis e inesperadas. No caso de Rafi (Nawazuddin Siddiqui) e Miloni (Sanya Malhotra), o sentimento veio quase que unicamente da pressão.

Na cultura indiana, o casamento é levado como uma forma de atingir, ou, no caso de pessoas que não são ricas, de passar uma imagem de sucesso, por isso, Rafi mesmo sendo pobre e mal tendo dinheiro para se manter é pressionado a casar por sua avó e Milomi, é pressionada pela família de classe média.

"Retrato do amor", dirigido e escrito por Ritesh Batra, conta a história dos dois, moradores de Mumbai, quando, após Rafi, por pressão, fingir que Miloni é sua mulher, apenas para sua vó ficar em paz e assim nasce o amor entre os dois.

O filme desenvolve essa relação muito bem, nunca se desfazendo da estrutura de dois arcos, estabelecidos em montagem paralela (quando são mostrados fatos diferentes acontecendo no mesmo momento) ou em montagem alternada (fatos diferentes acontecendo em diferentes momentos).

Isso ajuda o público a conhecer melhor os personagens e as pressões sofridas por ambos, ele odeia a vida atual e faz de tudo para esquecer o passado sofrido na sua vila natal, ela precisa lutar constantemente por sua liberdade, principalmente no que diz respeito a sua carreira e ao seu estudo.

Logo, é até natural que ela ajude Rafi em relação a questão dele, já que, mais cedo ou mais tarde (como o filme mostra no seu decorrer), ela vai lidar com os mesmos problemas. Apesar disso, no quadro sempre há algo que separa os dois fisicamente - já que mentalmente, eles se unem de forma gradual - como algum objeto, alguma pilastra, a distância de um espaço no assento do táxi ou a presença de alguma pessoa, na maioria das vezes sendo a vó de Rafi esse ponto de separação.

Graças a essa separação os travellings para o lado são mais significativos, já que esses movimentos representam fluidez e a vida dos protagonistas não tem esse dinamismo, é uma rotina regrada, seca, sem sal.

O que justifica os cortes que geram os movimentos de câmera dominantes no filme e, inclusive, servem para mostrar a personalidade calma dos personagens, como, por exemplo, na cena onde Rafi briga com um conhecido na rua, não a vemos, pois há o corte, ficamos sabemos dela devido a um diálogo no momento seguinte.

Esse tipo de decisão, mostra bem a história que o diretor e roteirista, Ritesh Batra, queria contar, não é uma história de agressividade e sim uma história onde, simplesmente, duas pessoas com problemas se encontram, mesmo que apenas para se ajudar e logo em seguida seguirem com suas vidas, sem esperança de algo mais, mas querendo esse algo mais.

Nada mais comum em uma cidade grande.

Veja o trailer aqui, filme distribuído pela Califórnia Filmes:

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