Imagem: Califórnia Filmes / DIVULGAÇÃO |
Por isso, Eva Husson, a diretora e co roteirista do filme, decide por contar a verdade, como Bahar (Golshifteh Farahani) pediu para Mathilde (Emmanuelle Bercot), jornalista que foi cobrir a guerra em questão e acaba por ter como contato a primeira citada, líder de um segmento do exército rebelde que é unicamente composto de mulheres.
Assim, acompanhamos a história dessas duas mulheres por um curto período de tempo, três dias para ser exato. O filme usa a montagem alternada para contar a verdade de Bahar, através de flashbacks que relatam a história da líder do movimento e os motivos que a fizeram se alistar.
Essa montagem alternada permite que o filme conte a história de Mathilde e Bahar e é através dessa escolha de Husson que vemos como a história dessas duas mulheres são parecidas. Ambas mães, fazendo algo que não querem por conta das pessoas que amam, para reencontrar elas e mostra, principalmente como todas as mulheres têm algo comum, mas, ao contrário dos homens, que usam suas empatias para oprimir, elas usam suas histórias para agregar.
A agregação presente no filme, apesar de cruel, tem um certo ponto de beleza, que é bem retratada pela fotografia que usa na sua maioria, os tons presentes no local onde a história acontece, ou seja, amarelo, bege, laranja, de forma a aumentar a sensação de calor e criar contrapontos entre claro e escuro, como nas cenas que tem fumaça e nas cenas noturnas.
Esses momentos que tem fumaça são, em sua maioria, as cenas de ação, feitas através de tomadas longas, com a câmera próxima das personagens, assim como a lente da câmera fotográfica de Mathilde está sempre próxima das mulheres acompanhadas por ela..
Essas tomadas longas, contam com a predominância dos travellings, que permitem que a câmera se mova pelo cenário e traz um ar documental a guerra, já que os poucos cortes fazem que o público veja as cenas sem nenhum tipo de interrupção, assim como as mulheres lutam de fato, sem paradas e sem tempo para respirar.
Isso é respeitoso para com a história de Bahar, que Farahani interpreta muito bem, imprimindo força a personagem através dos pequenos gestos, como acordar suas colegas de forma carinhosa e se oferecer para fazer chá a elas. Ou por entender que cada pessoa luta de uma forma e que o importante é não ficar apático quando uma guerra, independente do tipo, acontece.
Até porque, se ela luta com a arma na mão, treina mulheres e as faz ter coragem apesar do medo, Mathilde luta através de sua profissão, o jornalismo, já que é através dela que a verdade de Bahar pode vir a público e inspirar outras pessoas a lutarem.
Não que Bahar não saiba lutar através do conhecimento e é interessante que o filme fale que ela é formada em direito e exerceu a profissão por um tempo, até que teve sua vida completamente mudada pela guerra.
Assim como filmes de guerra protagonizados por homens apresentam o passado, Husson colocar a história passada e a profissão de Bahar no filme, além de aprofundar a narrativa, mostra que ela também poderia, se tivesse escolhido isso, lutar através do conhecimento, assim como sua professora na faculdade fez (isso é exposto em um dos flashbacks).
Por isso é que o roteiro de "Filhas do Sol" funciona tão bem, pois ao conhecermos aquelas mulheres e suas histórias, criamos empatia pelas personagens e claro, não podemos esquecer que os filmes de guerra são protagonizados por homens e aqui, vemos um protagonizado por mulheres e dirigido por uma mulher.
Ao mostrar como todas as lutas são importantes, independente da forma, a principal mensagem de "Filhas do Sol" é aquela que nós sabemos ou deveríamos saber, que mulheres podem fazer o que quiserem fazer.
E isso é tão bonito quanto a verdade que Bahar pediu que fosse contada.
Veja o trailer aqui, filme distribuído pela Califórnia Filmes:
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