12/19/2019 12:00:00 AM

Crítica: Aqueles que ficaram

Aqueles que ficaram
Imagem: SupoMungam Films / DIVULGAÇÃO
É uma pena que um filme com uma boa ideia principal acabe se tornando mais do mesmo na medida que o tempo passa. Principalmente um que fala de um período histórico inegavelmente importante.

No caso, a ideia é a de reconstrução pós Segunda Guerra Mundial, já que o filme foca justamente em pessoas que como diz o título, ficaram, enquanto seus parentes e amigos foram presos e mortos durante o nazismo e os sobreviventes ainda correm riscos de serem presos devido a ditadura stalinista.



Esse ponto é algo que Klara (Abigél Szõke) protagonista da obra dirigida e escrita por Barnabas Toth, fala logo no começo para Aldo (Károly Hajduk), ginecologista do orfanato onde a jovem de 16 anos ficou até que sua tia, Olga (Mari Nagy), a adotou oficialmente.

A história foca na relação de amizade entre Klara e Aldo, já que esta, com pais e irmã mortos, após pedir para morar com ele, passa a ser considerada como uma filha adotiva para o médico que perdeu sua família.

Apesar de quase tudo em todo o filme ser minimalista, as brechas que o roteiro tem e que são expostas no decorrer da 1h23 fazem com que algumas coisas fiquem mal explicadas e portanto, o errado fica subentendido.

Como, por exemplo, porque a escola de Klara, que desconfiou de algo errado e tinha motivos para investigar isso, não foi atrás dessa história com mais afinco, inclusive por ter conhecido Aldo? Porque o vizinho de Aldo, que viu uma cena no mínimo controversa, não investigou ou ao menos desconfiou?

Esse tipo de ponta solta, faz com que o filme soe contraditório, não apenas no sentido óbvio, mas também para que o filme funcione, já que o roteiro apresenta perguntas não respondidas e não faz questão de tentar resolver.

Assim, os outros aspectos técnicos passam despercebidos ou são ignorados pelo público devido as brechas citadas acima. Por mais que não tenha nada de bom ou ruim nesses aspectos. Visualmente, o filme usa tons sóbrios como cinza, bege e preto, de forma a combinar com o figurino escuro de todos os personagens e com o clima da cidade onde se passa. A montagem usa cortes secos durante a obra toda.

O som é basicamente formado por sons do ambiente, com exceção de uma cena que tem trilha sonora musical e não há movimentos de câmera, sejam eles simples ou mais elaborados, devido a escolha de  montagem já citada.

Da mesma forma que as atuações não são nada demais, ou seja, o filme não ousa em nada, não tenta nada de original ou novo e assim, por mais que queira falar sobre uma temática de reconstrução, as contradições dentro do filme, inclusive do ponto de vista moral (porque Aldo adotaria Klara sendo que ela não é uma parente direta e sendo que ela tem uma parente direta que a cria?), fazem com que "Aqueles que ficaram" não seja um filme funcional.

Portanto, baseado em contradições, o representante húngaro para o Oscar 2020 deve, muito provavelmente, passar batido pela Academia e o jeito para o país é esperar o ano que vem.

Veja o trailer aqui:
   

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