7/06/2020 12:00:00 AM

Crítica: The Wild Goose Lake

The Wild Goose Lake
Imagem: DIVULGAÇÃO
Se “Wong Kar-Wai” tivesse dirigido um filme noir em sua carreira, provavelmente ele seria similar a “The Wild Goose Lake” (O Lago do Ganso Selvagem em tradução literal) em estilo e em como o filme serve como um exercício de estilo e linguagem.

Essa é, sem dúvida, a maior qualidade do longa escrito e dirigido por Diao Yinan, que acompanha a trajetória de um criminoso e de uma prostituta, quando ele passa a ser perseguido após um assassinato de um policial e ela passa a ajudá-lo. Tudo isso acontece na região do lago do ganso selvagem, que dá título a obra.

O fato de se passar numa mesma região é positivo para que a ação do filme funcione, pois o público se familiariza com o local e passa a conhece-lo cada vez mais com o passar do tempo, de forma que pode até criar empatia com os moradores dali que nada tem a ver com a história e com as pessoas que a protagonizam.

Vemos um bairro colorido, apesar de suas casas e comércios se parecerem, a iluminação destes nunca é a mesma, de forma que quando ocorre a ação, a cor faz parte dela assim como a própria ação, o que é algo bonito de se ver e torna a direção de Yinan estilosa.

Ação que acontece muito pouco dada a trama do filme, mas não porque o filme não tem ação e sim porque o diretor escolheu focar nos diálogos e trajetórias dos personagens para chegar ali e assim, justifica as atitudes destes. Não a toa, Yinan escolhe para ser a primeira cena o primeiro encontro do casal protagonista e logo depois relata o que os levou aquele momento.

Dessa maneira ele estabelece a estrutura do filme. Com a montagem alternada, cada vez mais personagens aparecem e dúvidas que o público naturalmente tem porque a obra as cria, são elucidadas de forma calma, precisa e funcional, dentro de uma projeção que é uma espécie de noir moderno.

Chamo-a assim pois tudo que tem nos filmes noir clássicos dos anos 40 e 50 estão presentes ali, principalmente a tensão que é gerada pelo medo e desespero, concentrados no casal protagonista. Graças a isso, o filme é muito mais um conflito entre grupos do que uma perseguição para prender o protagonista masculino.

Por mais que apresente uma direção elegante, a obra poderia ser mais objetiva e durar menos que as suas uma hora e cinquenta minutos, de forma a dar mais agilidade a uma história naturalmente ágil, mas que o diretor, por opção (e que fique claro, não é uma escolha ruim), escolheu não utilizar.

Assim, “The Wild Goose Lake” é um filme que pode ser chamado de estiloso, porém, não é uma obra que manterá todos atentos por mais estilo que tenha. Vale a pena assistir devido a beleza e a criação de familiaridade de um local em sua maioria desconhecido do grande público.

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